O navio, que já não é mais funcional, está envolvido em um imbróglio com a Justiça Federal
O porta-aviões São Paulo, a maior embarcação que a Marinha já possuiu, teve de se afastar da costa brasileira, por causa do seu estado de degradação e risco de afundamento.
Na quinta-feira 19, o rebocador que transporta o navio, que já não é mais funcional e seria vendido para reciclagem, iniciou o deslocamento e já está a mais de 300 quilômetros de distância do Porto de Suape, terminal onde a empresa turca Sok, que arrematou o porta-aviões em leilão em 2021, tentava atracar desde outubro do ano passado.
Segundo a Marinha, “as providências necessárias para a manutenção do casco em segurança” na entrada do território brasileiro não foram cumpridas. Por isso, a Autoridade Marítima Brasileira (AMB) realizou uma inspeção na embarcação e constatou “uma severa degradação das condições de flutuabilidade e estabilidade”.
A Marinha ainda informou que o casco (assim chamado por não funcionar mais como porta-aviões) não possuía a cobertura por seguro obrigatório nem contrato para atracação e reparo. Por isso, a AMB determinou que o casco fosse transportado para uma “região com maior profundidade”.
“Com o propósito de garantir a segurança da navegação e a prevenção da poluição ambiental na costa brasileira e seus portos, a AMB, dadas as condições em que o casco se encontra, não autorizará a aproximação deste de águas interiores ou terminais portuários, em face do elevado risco que representa, com possibilidade de encalhe, afundamento ou interdição do canal de acesso a porto nacional, com prejuízos de ordem logística, operacional e econômica ao Estado brasileiro”, informou a Marinha, em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 20.
História
O porta-aviões foi vendido, em leilão, em 2021, para ser destinado à reciclagem. A empresa turca Sok pagou R$ 10,5 milhões pela embarcação, mas desde então enfrentou dificuldades para conseguir realizar o transporte até o estaleiro.
Em agosto do ano passado, o porta-aviões São Paulo deixou o Rio de Janeiro rumo à Turquia, mas acabou sendo barrado pelos turcos, por uma suposta presença de amianto. Em novembro, a Justiça Federal vetou a operação de atracação forçada do navio em porto brasileiro.
Com isso, representantes da empresa turca renunciaram à propriedade do navio e levantaram a possibilidade de realizar o abandono da embarcação em alto-mar, alegando que as autoridades brasileiras não estariam se empenhando para encontrar uma solução para o caso. No entanto, em mais uma decisão, a Justiça Federal em Pernambuco proibiu que o casco do antigo porta-aviões fosse abandonado no litoral do Estado.
Revista Oeste