Milei. Créditos: depositphotos.com / m.iacobucci.tiscali.it.
Em um discurso marcante no Congresso argentino em 2025, o presidente Javier Milei destacou a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul. Essa decisão seria considerada para viabilizar um acordo comercial com os Estados Unidos, uma vez que o presidente americano Donald Trump é um aliado próximo de Milei. O presidente argentino argumentou que o Mercosul, desde sua criação, beneficiou principalmente os grandes industriais brasileiros, enquanto a Argentina sofreu economicamente.
Milei enfatizou que a Argentina tem uma oportunidade histórica de firmar um acordo com os EUA, o que exigiria flexibilidade em relação ao Mercosul. Ele destacou que, para aproveitar essa chance, o país deve estar disposto a considerar a saída do bloco, se necessário. Essa declaração gerou discussões sobre o futuro das relações comerciais na América do Sul.
Qual é o impacto da “motosserra” de Milei?
O conceito de “motosserra” de Milei, que simboliza seu plano de desmonte do Estado, foi mencionado como uma mudança significativa para a Argentina. O presidente argentino afirmou que essa abordagem inspirou Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, a adotar medidas semelhantes para reduzir o tamanho do governo americano. Milei destacou que a Argentina está agora na vanguarda das reformas governamentais, atraindo a atenção internacional.
Além disso, Milei anunciou que a Argentina está próxima de fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse acordo incluiria um empréstimo para eliminar os controles cambiais ainda este ano, com o pagamento da dívida sendo feito por meio de um ajuste fiscal e redução dos gastos públicos.
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Como a Argentina planeja negociar com os EUA?
Durante um evento em Davos, na Suíça, Milei reiterou sua disposição de retirar a Argentina do Mercosul, caso isso seja necessário para concluir um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Ele afirmou que está trabalhando intensamente para negociar esse tratado, especialmente após a posse de Donald Trump como presidente dos EUA.
Milei não esclareceu se pretende negociar de forma independente ou em conjunto com os parceiros do Mercosul. O bloco, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, teoricamente proíbe negociações bilaterais sem o consentimento dos outros membros. No entanto, Milei mencionou que existem mecanismos que permitem alcançar esse objetivo sem abandonar o Mercosul.
Desafios da decisão de Milei para o Mercosul
O Mercosul, criado em 1991, enfrenta desafios internos e externos. Recentemente, a Comissão Europeia anunciou a conclusão das negociações para um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que ainda precisa ser ratificado. No entanto, países como a França expressaram insatisfação com o acordo, buscando apoio de outros países europeus para bloquear sua ratificação.
As discussões sobre a possível saída da Argentina do Mercosul para firmar um acordo com os EUA levantam questões sobre o futuro do bloco. Enquanto Milei busca avançar em direção ao livre comércio, ele também trabalha para garantir que as relações com os países do Mercosul não sejam prejudicadas. A decisão final sobre a saída ou permanência da Argentina no bloco terá implicações significativas para a economia e a política regional.