No Distrito Federal, uma recente alteração na lei que rege a cobrança de IPVA surpreendeu os donos de carros elétricos. Antes, esses veículos eram isentos do imposto, mas, a partir de 2024, as regras mudaram, afetando proprietários que não adquiriram seus automóveis em revendedores locais. Esta mudança foi impulsionada por um projeto enviado pelo governador Ibaneis Rocha e aprovado pela Câmara Legislativa no final do ano anterior.
Para manter a isenção do IPVA, agora é necessário que o carro elétrico seja comprado de um revendedor localizado no DF. Além disso, exige-se a apresentação de uma nota fiscal emitida localmente, e o comprador não deve estar em dívida ativa. Estas novas exigências complicam a situação de muitos consumidores, especialmente aqueles cujas notas fiscais são emitidas por fábricas de fora do Distrito Federal.
Qual é o impacto das novas regras para os proprietários de carros elétricos?
O impacto imediato das novas regras foi sentido por muitos proprietários, como Mariana Lobato, que se viu surpreendida pela cobrança de IPVA em 2024. A administradora comprou seu carro no DF, mas com a nota fiscal emitida em São Paulo, o que a exclui da isenção. Essa situação não é única, com milhares de proprietários de veículos elétricos vivendo o mesmo dilema devido à nova lei.
Associação Brasileira dos Proprietários de Carros Elétricos e Inovadores (Abravei)
A Abravei se manifestou contrária à implementação e às implicações dessa alteração legal. O co-fundador e diretor da associação, Rodrigo de Almeida, aponta que a lei ainda carece de clareza, não especificando a obrigatoriedade de a nota fiscal ser emitida no Distrito Federal. Ele argumenta que essa mudança contradiz o artigo 152 da Constituição, que proíbe discriminação tributária baseada na origem do bem.
Almeida sugere que a comprovação de residência poderia ter sido um critério mais alinhado com os objetivos da legislação, sem penalizar consumidores locais que compraram veículos de outras localidades. A Abravei busca dialogar com a Secretaria de Economia do DF para expor suas preocupações, não descartando ações legais contra a discriminação imposta pela lei.
Como a alteração da lei afeta o incentivo à mobilidade sustentável?
A mudança na legislação também pode ter efeitos negativos nos esforços de promoção da mobilidade sustentável no Distrito Federal. Carros elétricos são reconhecidos por seus benefícios ambientais e econômicos, devido à ausência de emissões de carbono e à redução na poluição sonora. No entanto, a nova exigência sobre a origem da nota fiscal desmotiva a aquisição de tais veículos na região.
Atualmente, o DF possui uma infraestrutura considerável de recarga de veículos elétricos, com 130 eletropostos distribuídos na capital, capazes de carregar até dois carros simultaneamente. Esta infraestrutura é um passo importante rumo à sustentabilidade, mas o incentivo a esses veículos precisa ser reforçado por políticas públicas que considerem a realidade dos consumidores.
Como os proprietários podem reagir a essa mudança?
Para os proprietários de veículos que se encontram afetados pela cobrança do IPVA, a recomendação de Rodrigo de Almeida é que registrem reclamações junto à Secretaria de Economia do DF. Além disso, o envolvimento com a Abravei pode agregar força aos esforços para reverter ou ajustar as condições impostas pela nova legislação.
Em um cenário onde a mobilidade sustentável é cada vez mais relevante, o debate sobre a isenção do IPVA para carros elétricos reflete um desafio contínuo na busca por equilíbrio entre arrecadação de impostos e incentivo a tecnologias limpas. É essencial que as legislações acompanhem essa evolução de forma a não desestimular práticas sustentáveis já em implementação.