Foto: O presidente eleito, Lula (PT), durante o anúncio de 16 novos ministros para a Esplanada, em Brasília – 22/12/2022 | Ton Molina/Estadão Conteúdo
O presidente eleito, Lula (PT), afirmou ser o primeiro chefe do Executivo a “governar antes da posse”. A fala veio na sequência de breves agradecimentos ao Congresso Nacional, que aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Gastança. “Todos sabiam que a PEC não era nossa”, disse o petista, na quinta-feira 22. “Era para cobrir a irresponsabilidade do governo que vai sair e não colocou dinheiro necessário para a política que ele próprio prometeu.”
Durante o discurso, Lula atacou o presidente Jair Bolsonaro e garantiu ter recebido um “país quebrado”, mesmo com os índices positivos na economia neste ano e projeções otimistas para diversos setores, a partir de 2023.
“Não pretendo fazer pirotecnia com esse material, um show, um escândalo”, declarou Lula, na sequência, ao mencionar que recebera do grupo de transição o relatório final produzido pelo grupo, antes da posse. “Quero que a sociedade brasileira saiba como tomamos posse, o Brasil que encontramos em dezembro de 2022. Recebemos o governo em situação de penúria. As coisas mais simples não foram feitas porque o presidente preferia contar mentiras no cercadinho.”
Diferentemente das afirmações de Lula, a economia que ele vai receber depois da posse foi bem conduzida pelo governo Bolsonaro. A seguir, alguns tópicos que desmentem a acusação do petista.
1. Inflação
Dilma Rousseff, sucessora de Lula na Presidência da República, foi retirada do governo deixando como legado uma inflação que era uma verdadeira herança maldita. Em agosto de 2016, quando o impeachment foi concluído, o Índice de Preços ao Consumidor — que mensura o custo de vida — para 12 meses estava próximo de 9%. Nos Estados Unidos, era de pouco mais de 1% para o mesmo período.
Em setembro deste ano, os dois países trocaram de posição. De lá para cá, a inflação brasileira se mantém menor que a norte-americana. No mês de outubro, por exemplo, a variação dos preços ficou em 6,5% no Brasil e próxima de 8% nos EUA.
2. Crescimento
A economia também mostra mais desenvoltura em comparação ao fim da última gestão petista. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu cerca de 4% em 2016. Ao mesmo tempo, o mundo cresceu em torno de 3%, e a China registrou a expansão de 7%.
Para 2022, o FMI estima quase 3% de crescimento para o PIB brasileiro. A projeção para os desempenhos da economia global e do PIB chinês neste ano está praticamente no mesmo valor de 2016.
A recuperação da produção nacional se estabeleceu mesmo num ambiente de incertezas internacionais. Além da invasão russa à Ucrânia, iniciada em fevereiro, o governo do presidente Jair Bolsonaro teve de enfrentar um desafio sem precedentes: a pandemia por coronavírus — uma crise sanitária mundial, que limitou o comércio entre países, quebrou empresas e desorganizou as cadeias produtivas ao redor do globo.
3. Desemprego
Atualmente, a taxa de desempregados no país é de cerca de 8%. Número que só esteve menor em meados de 2015, segundo os levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Durante a pandemia, a taxa de desocupação calculada pelo IBGE bateu o recorde de quase 15% em dois momentos: julho a setembro de 2020 e janeiro a março de 2021. A destruição em massa dos empregos ocorreu na esteira das medidas restritivas adotadas durante a crise sanitária. Contrariando a posição do presidente, as restrições impostas por governadores e prefeitos seguiam a máxima: “A economia a gente vê depois”.
Créditos: Revista Oeste.