Foto: Lula Marques/ Agência Brasil.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 4,83% em 2024, ultrapassando o teto da meta de 4,5% estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Com a meta central estabelecida em 3%, o Banco Central (BC) foi forçado a justificar o não cumprimento, já que o intervalo aceitável oscilava entre 1,5% e 4,5%. A carta explicativa do BC enviada ao ministro da Fazenda destacou os fatores determinantes desse desvio, incluindo questões climáticas e variações cambiais.
A inflação elevada em 2024 está fortemente associada a eventos climáticos adversos que atingiram o país. Seca em várias regiões e enchentes no Rio Grande do Sul foram apontadas como principais causas para o aumento dos preços de alimentos, como carnes e lácteos. Além disso, o ciclo do boi contribuiu para a elevação dos preços das carnes. As questões cambiais, particularmente a desvalorização do real frente ao dólar, também foram fatores significativos que pressionaram bens industriais.
Quais são os fatores climáticos e seu impacto na inflação?
Em 2024, o Brasil enfrentou grandes desafios climáticos que afetaram diretamente o índice de preços de alimentos. A seca em várias partes do país resultou em escassez de produtos agrícolas, enquanto enchentes no sul do país auxiliaram no aumento dos preços, especialmente nas carnes e derivados do leite. Em 2023, houve uma deflação desses produtos, mas 2024 apresentou uma inflação de 8,22%, mostrando a severidade dos efeitos climáticos.
Esses fenômenos refletem a vulnerabilidade da economia brasileira a variações climáticas. A alimentação em casa, um dos itens fundamentais para a população, foi severamente impactada, demonstrando que o clima extremo pode alterar consideravelmente as previsões econômicas e a estabilidade de preços no setor alimentício.
Variação cambial: Como o real influenciou a inflação de bens industriais?
A inflação dos bens industriais foi outro ponto crítico em 2024, impulsionada pela desvalorização do real em relação ao dólar. Conforme destacado pelo BC, além do fortalecimento do dólar globalmente, fatores internos à economia brasileira contribuíram para essa depreciação. A percepções dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal do país teve influência significativa nesse movimento cambial, afetando a confiança no mercado.
- A desvalorização do real encarece a importação de insumos industriais.
- Aumento dos custos de produção se traduz em preços mais elevados para o consumidor final.
- A preocupação com a saúde fiscal do país pressiona o câmbio, afetando diretamente a inflação de bens.
Perspectivas e medidas para conter a inflação em 2025
Para o ano de 2025, economistas projetam inflação em torno de 5%, um patamar que, se confirmado, novamente ultrapassará o teto da meta de 4,5%. O Banco Central já iniciou medidas para conter essa tendência, com o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentando a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano em dezembro de 2024. O Copom ainda planeja novos ajustes na taxa nas reuniões seguintes, visando frear a expectativa inflacionária.
- Elevar gradativamente a taxa de juros para controlar a demanda e estabilidade de preços.
- Monitorar a influência de fatores climáticos e cambiais sobre o índice de preços.
- Implementar políticas fiscais que reestabeleçam a confiança dos agentes econômicos.
O cenário econômico brasileiro para 2025 exige atenção redobrada às variáveis que impactam a inflação. Clima e câmbio são apenas alguns dos elementos cruciais enquanto o país busca soluções para estabilizar o aumento nos preços e alinhar-se às metas de inflação.