Áustria e Luxemburgo devem contestar na justiça com receio de que UE possa perder liderança da agenda
Usinas nucleares e de gás natural, agora, estão entre fontes de energias “limpas” da União Europeia. Portanto, podem receber financiamentos “verdes”, aqueles que as instituições financeiras cedem a projetos considerados sustentáveis.
A decisão foi cercada de polêmicas. Para políticos ligados ao ambientalismo, não tem cabimento: “Está completamente claro que tanto a energia nuclear quanto os gases fósseis não têm nada a ver com sustentabilidade”, afirmou a ministra de energia austríaca, Leonore Gewessler.
Entretanto, há alguns critérios. No caso do gás natural, o selo “verde” seria aplicado apenas em projetos com vida útil até 2035. Depois devem ser convertidos em fontes renováveis.
Ainda assim, Àustria e Luxemburgo já anunciaram que vão entrar com ações na Justiça para impedir subsídios extras, ao menos, para a energia nuclear.
Enquanto isso, a França, que sempre se mostrou pouco flexível à políticas de desenvolvimento sem critérios sustentáveis, é favorável ao projeto com o argumento de que a energia atômica não gera emissões de CO2 e não é intermitente, como fontes solares ou eólicas.
Talvez, a mudança ganhou força com o fato de que o bloco vive um temor de desabastecimento de energia desde que se obrigou a aplicar sanções à Rússia por causa da guerra instalada na Ucrânia.
Críticos dizem que a Europa pode estar colocando em risco sua liderança global à descarbonização. Mas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defende que a mudança não afetará o comprometimento do bloco.
O mercado financeiro também se mostrou contra. O Banco Europeu de Investimentos, que pertence ao bloco econômico, afirmou que não fechará negócios com empresas que trabalham com as duas fontes energéticas.
Por fim, essa discussão deve continuar na justiça até que a nova normativa seja aplicada. Se não for revertida, passa a valer a partir de janeiro de 2023.