Foto: Innospace/Divulgação.
Está marcado para as 6h (de Brasília) desta segunda-feira (19) um voo espacial de natureza inédita para o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão: pela primeira vez um foguete de uma companhia estrangeira vai partir do cobiçado sítio brasileiro.
A responsável será a Innospace, startup sul-coreana que está desenvolvendo um veículo lançador de nanossatélites e espera no futuro se beneficiar da localização privilegiada para ter ganho de desempenho em razão da posição geográfica de Alcântara: muito próxima à linha do Equador, ela propicia economia de combustível (ou, em outros termos, capacidade de transporte aumentada) para veículos que de lá partem.
Ainda não é o caso, contudo, para este voo inicial, que não concretiza o objetivo brasileiro de promover lançamentos orbitais a partir do território nacional. Chamado de Hanbit-TLV, o atual veículo é suborbital, com apenas o primeiro estágio ativo (movido a parafina e oxigênio líquido) e 16,3 metros (um pouco mais baixo que o antigo VLS-1 brasileiro, que tinha 19,7 m).
Trata-se de um precursor importante para o Hanbit-Nano, esse sim capaz de satelizar até 50 kg em órbita de 500 km de altitude.
O acordo não faz parte do pacote anunciado em abril de 2021, quando os principais sítios do CLA foram loteados para quatro empresas (Virgin Orbit, C6 Launch Systems, Orion AST e Hyperion), nenhuma das quais até agora realizou qualquer lançamento. O acerto com a Innospace, em contraposição, avançou em tempo recorde: anunciado em maio deste ano, terá seu primeiro voo agora.
A expectativa de médio prazo, com a comercialização do centro, é que o Brasil possa lucrar com o mercado de lançamento de satélites, mesmo não tendo ainda um lançador próprio. Só que não é o caso da atual operação, que está configurada como uma ação de cooperação tecnológica internacional entre o governo brasileiro e a empresa sul-coreana.
O lançador foi trazido da Coreia do Sul parcialmente desmontado em um Boeing 747 que pousou em São Luís. De lá foi uma viagem de 40 horas, por vias fluvial e terrestre, para chegar a Alcântara (distância de 30 km).
Para o Brasil, além do lançamento inédito, o voo é importante por realizar o teste da plataforma inercial desenvolvida pelo IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), que estará embarcada no veículo. Chamada de Sisnav, ela é basicamente o sistema que permite ao lançador se guiar e saber para onde está indo, sem depender de referências externas –tecnologia crucial para o futuro desenvolvimento de lançadores brasileiros.
Por alegada falta de qualidade de internet no centro, não haverá transmissão ao vivo do lançamento. A operação, batizada de Astrolábio, é de responsabilidade conjunta da FAB (Força Aérea Brasileira), AEB (Agência Espacial Brasileira) e da Innospace. Caso não seja possível lançar na segunda, o voo ainda pode acontecer nos dias seguintes –a janela vai até o dia 21.
Créditos: Folha de São Paulo.