Brasil perdeu rally dos mercados que favoreceu as moedas de países emergentes. Dólar mais caro irá dificultar o combate à fome, objetivo maior do presidente eleito
As moedas emergentes passaram por uma forte valorização desde o segundo turno das eleições brasileiras. O que mudou no cenário externo foi a percepção de que o pior período da inflação dos EUA pode ter ficado para trás. Com isso, houve aumento do fluxo de investimentos estrangeiros para esses países, já que a renda fixa americana perde atratividade nesse cenário.
De 31 de outubro a 13 de dezembro, o peso chileno se valorizou 9,84% em relação ao dólar, o won sul-coreano ganhou 9,22%, a coroa tcheca, 8,32%, e o rand sul-africano, 6,32%. Além do Chile, outros países da América do Sul tiveram valorização. O sol peruano ganhou 4,11%, e o peso colombiano, 3,71%.
Já a moeda brasileira perdeu 2,46%, ficando em penúltimo lugar em uma lista de 23 países emergentes selecionados. Ganha apenas do peso argentino, que se desvalorizou 8,67%.
A principal causa para esse resultado ruim da moeda brasileira é a briga desnecessária que Lula resolveu comprar com o mercado financeiro. Por diversas vezes, o presidente deu declarações de que não se preocupava com a reação da bolsa e do dólar, e ontem mesmo, ao anunciar o economista Aloizio Mercadante no BNDES, justificou a decisão como “uma resposta” aos investidores, que teriam reprovado essa ideia.
O problema de seguir esse caminho é que com o real desvalorizado a inflação permanecerá alta por mais tempo e isso obrigará o Banco Central a manter a taxa Selic em 13,75%. Com isso, os pobres pagarão mais caro na hora de consumir uma cesta variada de produtos, entre eles, vários alimentos que têm cotação atrelada à moeda americana. O trigo, por exemplo, é importado pelo Brasil e matéria-prima para pães e massas.
Os combustíveis também são diretamente impactados pelo aumento do dólar. Para 2023, o Orçamento Federal prevê R$ 52 bilhões de gastos com subsídios, dinheiro que poderia ser usado, por exemplo, para combater a fome ou aumentar investimentos. Os juros mais altos também vão reduzir o crescimento e diminuir a criação de empregos e a renda.
Lula tem mais a ganhar com o mercado financeiro ao seu lado. Isso irá facilitar o seu maior objetivo, que é combater a miséria, a fome e gerar empregos.
O Globo