Foto: Ed Alves/CB/DA.Press.
A insatisfação de petistas com a participação do partido no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou na última semana. Ainda que a sigla tenha sido contemplada com os 2 dos principais ministérios – Fazenda e Casa Civil – há um temor entre os integrantes da legenda de que, para fortalecer a base de apoio, outros partidos acabem ficando com pastas relevantes e orçamentos maiores.
Uma reunião do diretório nacional do PT foi marcada para a última quinta-feira (8/12) justamente para discutir a demanda. O tópico, no entanto, acabou suprimido da pauta e não foi debatido.
Segundo o Poder360 apurou, a questão foi retirada a pedidos, para evitar constrangimentos a Lula às vésperas de ele anunciar a 1ª leva de ministros. O argumento utilizado foi de que uma discussão deste tipo poderia provocar uma tensão desnecessária entre o partido e o novo governo em um momento delicado. Também poderia sinalizar publicamente que o PT está dividido.
Ainda que o tema não tenha sido tratado, petistas insatisfeitos consideram que o recado foi dado a Lula. O presidente eleito participou da reunião do diretório por meio de vídeo. Comemorou sua eleição e falou o básico sobre o que quer para o seu 3º mandato. Não tratou, porém, da participação do PT no governo.
Na sexta-feira (9/12), Lula formalizou a indicação do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda, e do governador da Bahia, Rui Costa, para a Casa Civil.
Embora os 2 sejam do PT, integrantes do partido consideram que ambos são da chamada cota pessoal de Lula.
A sigla reivindica os ministérios da Saúde, Educação e os da área social porque administram programas considerados cruciais e com grande visibilidade, como o Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família. Outro aspecto importante é que essas pastas têm um volume de recursos relevante, diferentemente de outras que acabarão sendo mais simbólicas.
Na quinta-feira (8/12), ainda durante a reunião do diretório nacional, Gleisi conversou com jornalistas. Ela foi questionada sobre como Lula distribuirá os ministérios entre aliados, já que o PT indicou interesse em várias deles. Ela defendeu que quem integrar a base do governo deve ser contemplado com espaços, mas disse que o PT “tem tamanho”.
“Claro que o PT tem a compreensão de que os aliados têm que participar do processo, mas obviamente nós sabemos também o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT e a importância que teve nesse processo. É o maior partido da coligação e é o partido do presidente”, disse.
A dirigente afirmou ainda na quinta-feira que o PT montou uma comissão interna para discutir com Lula não apenas quais ministérios comandará no próximo governo, mas também quais cargos ocupará em outros espaços, como estatais e autarquias públicas. A demanda deve ser levada ao petista na próxima semana.
“A gente tem feito uma discussão sobre ministérios que achamos importantes e que têm a ver com a nossa história, com as nossas causas, que são ministérios da área social”, disse.
Segundo aliados, Lula cogita, porém, nomes de outros partidos ou instituições para essas áreas. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, é cotada para a Saúde e a governadora do Ceará, Izolda Cela, para a Educação.
Créditos: Poder 360.