Atualmente, a ciência tem avançado significativamente no campo da agricultura, trazendo inovações que prometem solucionar problemas comuns associados ao consumo de alimentos. Um exemplo disso é um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que visa reduzir os gases intestinais causados pelo consumo de feijão. Utilizando a técnica de edição gênica conhecida como CRISPR, pesquisadores conseguiram desativar genes responsáveis pela produção de carboidratos indigestos da família rafinose.
A preocupação em estudar o genoma do feijão e aplicar técnicas de biotecnologia reflete a busca constante por alimentos mais saudáveis e que atendam às necessidades do consumidor moderno. Os pesquisadores Josias Correa, Rosana Vianello e Dener Lucas dos Santos lideraram esse projeto, buscando não apenas minimizar o desconforto digestivo, mas também melhorar a qualidade nutricional do feijão.
Como a edição gênica pode transformar o feijão?
A técnica CRISPR, sigla em inglês para Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, permite a modificação precisa de partes específicas do DNA. No caso do feijão, foram desativados dois genes que produziam rafinose e estaquiose, carboidratos que não são bem digeridos pelo corpo humano. Esses carboidratos, quando consumidos, são conhecidos por provocar flatulências indesejadas.
Essa abordagem não apenas proporciona alívio aos consumidores, mas também abre portas para o melhoramento de precisão em outras culturas alimentares. A edição gênica pode resultar em variedades de plantas mais resistentes e nutritivas, oferecendo benefícios tanto para produtores quanto para consumidores.
Qual o próximo passo para a variedade editada?
Após a identificação e desativação dos genes responsáveis pelos carboidratos indigestos, o estudo agora se encaminha para o desenvolvimento de gerações futuras de plantas editadas. A projeção é que a nova variedade de feijão esteja disponível para comercialização em um período entre cinco a oito anos. Essa espera é necessária para garantir que todos os testes de segurança alimentar e eficácia sejam conduzidos com rigor.
Além disso, enquanto a espera pelote avanço genético prossegue, existem métodos tradicionais que podem ajudar a reduzir o desconforto digestivo. Uma prática comum é o remolho do feijão antes de seu cozimento, uma técnica simples que ajuda a reduzir substâncias antinutricionais nos grãos, melhorando sua digestibilidade.
Como a prática do remolho ajuda na digestão do feijão?
Remolhar o feijão é um método eficaz e acessível que ajuda a eliminar toxinas naturais conhecidas como substâncias antinutricionais. O processo envolve deixar os grãos de molho na água por um período antes do cozimento, possibilitando a liberação de nutrientes e melhorando a digestão.
- Lave os grãos de feijão em água corrente e drene.
- Coloque o feijão em uma tigela com água suficiente para cobrí-lo e deixe descansar por 12 horas, trocando a água uma vez.
- Alternativamente, você pode optar pelo método do “molho curto”, que consiste em ferver o feijão em uma panela com água, desligar o fogo e deixar repousar por uma hora antes de escorrer a água.
Ambos os métodos ajudam a melhorar a digestibilidade e reduzir a formação de gases, tornando o feijão uma opção ainda mais saudável e saborosa.
A edição gênica e práticas como o remolho do feijão demonstram como a ciência e métodos tradicionais podem se complementar para melhorar hábitos alimentares e a qualidade de vida das pessoas. À medida que novas variedades de feijão forem desenvolvidas, surgirão oportunidades para explorar outras maneiras de otimizar o consumo do alimento, sem perder suas propriedades nutricionais essenciais.