O Partido Liberal Democrata (PLSD) e seus aliados venceram de maneira contundente as eleições para a Câmara Alta do Japão, realizada neste domingo, 10. O resultado dá à legenda uma oportunidade histórica de revisar a Constituição, que é considerada “pacifista” pelos eleitores.
“É significativo que tenhamos conseguido realizar este pleito em um momento no qual a violência abalou as fundações desta eleição”, disse o atual primeiro-ministro, Fumio Kishida, referindo-se ao assassinato do ex-premiê Shinzo Abe. “Enquanto enfrentarmos problemas como o coronavírus, a Ucrânia e a inflação, a solidariedade com o governo é fundamental.”
A vitória significa que Abe, o primeiro-ministro mais longevo do Japão, permanece como força política. “Tenho a responsabilidade de assumir as ideias de Abe”, ressaltou Kishida, em Tóquio, diante de uma multidão.
O resultado oficial será conhecido apenas na segunda-feira 11, mas a coligação governista já tem 146 assentos na Câmara Alta — nove a mais que na legislatura atual e 21 além do necessário para garantir a maioria simples. Somados aos deputados do Nippon Ishin e do Partido Democrático para o Povo, ambos favoráveis à reforma constitucional, os governistas têm os dois terços necessários para modificar a Carta Magna.
Além disso, a coligação tem mais de dois terços das cadeiras na Câmara Baixa, em que a supermaioria é igualmente requerida para alterar a Constituição (desenhada pelos norte-americanos em 1947). O artigo nono, por exemplo, estipula que o país asiático “renunciará para sempre à guerra” e que “nunca manterá” quaisquer Forças Armadas.
Reverter essas medidas era um dos principais objetivos de Abe, que defendia uma expansão militar no Japão. Até o momento, no entanto, os obstáculos sempre foram maiores que a maioria constitucional.
Créditos: Revista Oeste.