Desde a transição presidencial em 2023, o Brasil enfrenta um significativo desafio na administração de vacinas, com um aumento expressivo no desperdício de doses. Um total de 58,7 milhões de vacinas expiraram neste período, revelando uma gestão ineficaz em relação ao estoque nacional de imunizantes.
Estudos recentes identificam múltiplos fatores contribuindo para esse incremento nos descartes. As dificuldades logísticas na retirada das vacinas próximas ao vencimento e o recrudescimento dos movimentos antivacina são mencionados como causas principais para essa situação alarmante. Em contrapartida, o Ministério da Saúde aponta para problemas herdados da gestão anterior como justificativa parcial para o desperdício observado.
Qual o impacto financeiro do desperdício de vacinas?
O custo das vacinas expiradas nos últimos dois anos ultrapassou a cifra de R$ 1,75 bilhão, número este que já se aproxima do prejuízo acumulado em todo o segundo mandato de Lula, que foi de R$ 1,96 bilhão. O volume econômico perdido poderia ter sido redirecionado para outras áreas críticas da saúde pública, como a aquisição de milhares de ambulâncias ou milhões de unidades de medicamentos essenciais, cujo fornecimento tem sido insuficiente.
O desperdício atingiu seu pico em 2023, quando quase 40 milhões de doses se tornaram inutilizáveis, ocasionando um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão. Já em 2024, até o presente momento, cerca de 18,8 milhões de doses foram descartadas.
Quais são as medidas adotadas para mitigar o problema?
Em resposta à situação, o Ministério da Saúde implementou novas estratégias para reduzir as perdas. Entre as iniciativas estão a entrega parcelada de vacinas pelos fornecedores e incentivos para que versões atualizadas dos imunizantes sejam disponibilizadas. Estas ações visam não apenas minimizar os desperdícios, mas também melhorar a resposta às necessidades epidemiológicas contínuas.
Além disso, o governo tem buscado fortalecer as campanhas de conscientização quanto à importância da vacinação, um passo crucial para reverter a desinformação prevalente entre a população e estimular a imunização.
Como a adesão à vacinação influencia o desperdício?
A relação entre a adesão às campanhas de vacinação e o desperdício de doses de vacinas é indissociável. Com uma adesão abaixo do esperado, principalmente para vacinas de reforço contra a Covid-19, o volume de doses expiradas cresce. Dados indicam que cerca de 80% da população ainda não recebeu a segunda dose de reforço do imunizante contra a Covid-19.
Expertos destacam a necessidade de esforços contínuos para aumentar a cobertura vacinal de outras doenças, onde também têm sido observadas perdas, apesar de alguns avanços serem registrados em campanhas específicas. A busca ativa por vacinas, principalmente entre grupos prioritários, é recomendada para mitigar estas perdas.
O que está em jogo no futuro da vacinação no Brasil?
O histórico de sucesso do Programa Nacional de Imunizações do Brasil é uma faca de dois gumes, pois o desaparecimento de muitas doenças colocou a sociedade em uma situação de complacência em relação à necessidade de vacinação regular. Para reverter essa tendência, é fundamental que as estratégias de comunicação e publicidade sejam revitalizadas, garantindo que a população tenha acesso a informações precisas sobre a segurança e a eficácia das vacinas.
A eficiência na gestão de recursos e a educação continuada da população sobre a importância da vacinação são essenciais para evitar que o desperdício de vacinas continue a ser um desafio para a saúde pública do país.