Os desafios alimentares nas redes sociais, frequentemente promovidos por influenciadores, têm ganhado popularidade e atraído milhões de visualizações. Enquanto isso gera lucro e visibilidade para os criadores de conteúdo, especialistas apontam riscos à saúde de quem participa. Esses desafios geralmente envolvem o consumo de grandes quantidades de alimentos hipercalóricos, refeições apimentadas ou alimentos de uma só cor, tudo em um curto espaço de tempo.
Com uma análise minuciosa utilizando a plataforma Pinpoint, foram identificadas expressões comuns nos vídeos desses desafios como “exagero”, “morrendo” e “rápido”. Tais termos sugerem comportamentos prejudiciais, principalmente entre jovens, grupo mais propenso a desenvolver transtornos alimentares. Especialistas destacam que o fácil acesso a esses conteúdos pode resultar em sérios desequilíbrios de saúde.
Como os desafios influenciam os jovens?
A nutróloga Marcella Garcez, da Associação Brasileira de Nutrologia, alerta que a exposição precoce a esses desafios pode levar ao surgimento de transtornos alimentares e desequilíbrios metabólicos. Segundo ela, a população jovem e conectada às redes sociais é a mais vulnerável aos impactos desses conteúdos.
Além dos riscos físicos, a psicóloga Maura Albanesi ressalta o impacto psicológico que a palavra “desafio” pode ter. Influenciadores, com seu grande alcance, conseguem direcionar ações de seus seguidores, que muitas vezes não medem as consequências de suas ações, similar a um comportamento automático.
Quais são os efeitos duradouros desses desafios?
Os desafios nas redes sociais podem perpetuar hábitos alimentares nocivos, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos como anorexia, bulimia e compulsão alimentar. Segundo Garcez, esses transtornos podem se manifestar na juventude e permanecer ao longo da vida, impactando gravemente a saúde física e emocional.
Além disso, a repetição de conteúdos envolvendo desafios alimentares pode influenciar comportamentos alimentares dos espectadores. Albanesi explica que a mente humana pode internalizar as experiências vistas nesses vídeos como parte da própria realidade, levando à reprodução desses comportamentos por meio da repetição.
Envolvimento das plataformas de mídia social
Plataformas como o TikTok são frequentemente usadas para a realização desses desafios. Embora a rede social possua diretrizes que orientam sobre o conteúdo, o monitoramento efetivo ainda é uma questão em aberto. O Ministério Público de São Paulo revelou que não há investigações específicas sobre esses desafios, ainda que situações similares já tenham sido analisadas anteriormente.
O diálogo contínuo entre autoridades e plataformas é essencial para monitorar e, se necessário, restringir conteúdos que possam prejudicar a saúde pública. As redes sociais, enquanto um espaço de criatividade e expressão, também têm a responsabilidade de proteger seus usuários, especialmente os jovens.
A necessidade de educação alimentar
Especialistas defendem a importância de orientar as crianças e adolescentes sobre hábitos alimentares saudáveis. Garcez enfatiza que os hábitos adquiridos na infância e adolescência influenciam na saúde a longo prazo, sendo fundamentais para prevenir doenças crônicas na idade adulta.
E assim, enquanto os desafios alimentares podem parecer inofensivos ou engraçados, a conscientização e a educação são passos essenciais para garantir que as gerações futuras desenvolvam uma relação saudável com a alimentação.