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O cenário político na Moldávia tem sido turbulento, especialmente com as recentes alegações de interferência da Rússia nas eleições presidenciais. De acordo com Stanislav Secrieru, conselheiro de segurança nacional, o país enfrenta uma tentativa significativa de distorção do processo eleitoral. Este contexto é ainda mais crítico dado o segundo turno das eleições em que Maia Sandu, atual presidente pró-União Europeia, busca a reeleição.
A primeira fase das eleições, ocorrida em 20 de outubro, revelou uma disputa acirrada entre Sandu e seu adversário pró-Rússia, Alexandr Stoianoglo. Sandu obteve 42% das intenções de voto, enquanto Stoianoglo ficou com 26%. Assim, a preocupação com a legitimidade dos resultados tem provocado tensões crescentes, alimentadas por temores de manipulação externa.
Como a interferência russa está afetando a Moldávia?
Alegações de interferência incluem a movimentação em massa de moldavos para votarem de maneira organizada e ilegal a partir da região separatista da Transdniestria, um reduto pró-Rússia. Este ato contraria a legislação eleitoral moldava que permite o transporte de eleitores até os locais de votação apenas de forma autônoma. Segundo relatos, o número de votantes nesta área já ultrapassou os níveis registrados no primeiro turno, suscitando preocupações de manipulação eleitoral.
As autoridades locais estão em alerta máximo e têm tentado conter esses movimentos, que lembram esquemas de compra de votos organizados por figuras políticas controversas como Ilan Shor, um oligárquico pró-Rússia. Estes esforços de interferência são vistos como tentativas de mudar o curso natural do processo democrático na Moldávia, o que levanta bandeiras vermelhas sobre a soberania do país.
Diaspora voting hits record numbers despite attempts to disrupt process with fake bomb alerts. Authorities in the UK, Germany, France, Romania, and Spain are ensuring voting continues undisturbed. Waves of fake alerts will not deter Moldovans determined to decide their future.
— Stanislav Secrieru (@StasSecrieru) November 3, 2024
Quais são as consequências da interferência externa nas eleições moldavas?
O impacto desta interferência pode estender-se para além do processo eleitoral, afetando as relações internacionais e a estabilidade interna da Moldávia. A presidente Maia Sandu declarou que as ações de Shor no primeiro turno e no referendo sobre a aliança com a União Europeia foram prejudiciais. O referendo, que decidiu pelo alinhamento com a UE, foi vitorioso por uma margem estreita, refletindo a divisão da população sobre a orientação internacional do país.
Observadores têm manifestado preocupações sobre a influência potencial em seções eleitorais no exterior, principalmente em países com forte presença moldava, como Canadá, França e Alemanha. A suspeita de uso de ameaças, como bombas falsas, em áreas de votação destes países é um reflexo do ambiente tenso em torno das eleições moldavas.
Moldovan diaspora just broke the all time turnout record of 263,188 voters. Despite fake bomb alerts at several polling stations in Europe (likely perpetrated by (pro)Russian elements), Moldovans remain resolute in their quest for freedom and democracy! pic.twitter.com/e87XZyDNRq
— Mihai Popșoi (@MihaiPopsoi) November 3, 2024
Desafios da Moldávia em meio à pandemia e impactos geopolíticos
A Moldávia, uma nação com menos de 3 milhões de habitantes, enfrenta não apenas a questão eleitoral, mas também os impactos prolongados da pandemia de Covid-19 e da crise econômica decorrente da guerra na Ucrânia. A diminuição de suprimentos de gás e a pressão inflacionária têm exacerbado os problemas econômicos, afetando diretamente o cotidiano dos cidadãos moldavos.
Regiões com forte tendência pró-Rússia, como Gagauzia, expressaram descontentamento com a situação econômica e a liderança de Sandu, argumentando que o custo de vida aumentou consideravelmente nos últimos anos. Estas regiões se tornaram fontes de votos de protesto, favorecendo adversários que prometem alternativas à atual política pró-europeia.
Futuro das relações Moldavo-Russas
O futuro das relações entre a Moldávia e a Rússia depende de diversos fatores, incluindo o resultado eleitoral e a estabilidade política interna. A tentativa da Moldávia de se unir à União Europeia até 2030 é vista com ceticismo por seus opositores, que preferem uma posição mais neutra ou alinhada com Moscou. Este dilema é central para a identidade política moldava e poderá moldar o rumo do país nas próximas décadas.
As ações da comunidade internacional, especialmente dos parceiros europeus, serão fundamentais para apoiar a integridade do processo democrático na Moldávia. A vigilância constante e o suporte à legítima expressão dos eleitores são essenciais para que o país possa seguir seu caminho independente e soberano, em meio a pressões externas e desafios internos.