O setor de transporte de cargas e passageiros no Brasil enfrenta um possível paradigma com a proposta de proibição dos pneus recapados em veículos pesados. Esse debate surge com o Projeto de Lei do deputado Capitão Augusto, que visa banir o uso desses pneus, alegando segurança e eficiência como principais motivos.
Atualmente, o uso de pneus recapados é uma prática comum e regulamentada no Brasil, reconhecida pelo Inmetro e adotada, em especial, por caminhoneiros autônomos e pequenas transportadoras. Apesar de não oferecerem a mesma durabilidade e desempenho de um pneu novo, sua adoção reduz significativamente os custos operacionais. Contudo, as consequências financeiras dessa possível mudança preocupam o setor. Conheça também a lista com os 10 carros mais econômicos para 2025.
Por que proibir pneus recapados seria problemático?
A proibição dos pneus recapados traria sérios desafios ao setor de transporte, conforme afirmam especialistas e entidades. O diretor operacional da Zorzin Logística, Marcel Zorzin, destaca que a substituição de pneus recapados por novos encareceria as operações, especialmente para empresas menores, que constituem uma boa parte do setor de transporte no país.
Além do impacto econômico, considera-se ainda o efeito ambiental de tal proibição. Recapar pneus implica em menos resíduos e menor exploração de recursos naturais, já que prolonga a vida útil dos pneus existentes. A prática evita que toneladas de pneus sejam descartadas de forma inadequada.
O que dizem as entidades sobre a proibição?
A proposta foi recebida com forte oposição por parte de várias entidades de transporte e indústria de pneus. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) manifestou-se contrária à proibição, argumentando que a medida poderia elevar o custo operacional em cerca de 10%. Além disso, a recapagem de pneus é vista como um pilar da sustentabilidade no setor.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS) e a Associação Brasileira da Reforma de Pneus (ABR) rejeitaram veementemente a proposta, alegando que ignora a realidade do transporte brasileiro e ameaça a competitividade das empresas. Segundo o SETCERGS, a prática economiza petróleo e reduz emissões de CO₂, alinhando-se a práticas sustentáveis globais.
Quais são os argumentos a favor da proibição?
Defensores da proibição, como o deputado Capitão Augusto, alegam que pneus recapados podem ser um risco à segurança na estrada. O projeto de lei sugere que falhas nos pneus, especialmente o desprendimento das bandas de rodagem, contribuem para acidentes em veículos pesados.
No entanto, não há consenso sobre a frequência dessas falhas, e estudos mais abrangentes, como os da Confederação Nacional do Transporte (CNT), não apontam os pneus recapados como uma causa significativa de acidentes.
Pneus recapados: benefício ou risco?
Enquanto o futuro da proposta ainda é incerto, o debate reflete uma tensão entre sustentar práticas econômicas e sustentáveis e garantir a máxima segurança nas estradas. Seja qual for o resultado, o setor deverá se adaptar, mantendo o equilíbrio entre eficiência operacional e responsabilidade ambiental.
O uso de pneus recapados, embora controverso agora, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento econômico do transporte rodoviário brasileiro, proporcionando uma alternativa viável e sustentável. O desfecho deste Projeto de Lei poderá redefinir não só práticas empresariais, mas também aspectos econômicos e ambientais significativos para o país.