RETROSPECTIVA_2023 – Chegada de repatriados brasileiros vindos de Israel. – Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
O Brasil empreendeu recentemente uma operação significativa para repatriar cidadãos brasileiros que estavam no Líbano, em um esforço conjunto entre o Ministério da Defesa e do Desenvolvimento Social. A operação, que contou com a colaboração da Força Aérea Brasileira (FAB) e a companhia aérea Latam, trouxe de volta ao país 228 brasileiros em um voo militar. Além disso, a Latam gentilmente forneceu passagens aéreas para transportar 100 destes repatriados até suas respectivas cidades de origem.
Essa ação destaca a responsabilidade do governo brasileiro em cuidar de seus cidadãos no exterior durante situações de emergência. O KC-30 da FAB pousou na Base Aérea de Guarulhos, São Paulo, no dia 6 de outubro de 2024, marcando o início da jornada de retorno dos repatriados para suas casas. Apesar do alívio trazido a essas pessoas, várias questões sobre custos e priorização de passageiros permanecem sem respostas claras.
Criterios para a repatriação no Líbano
A FAB, seguindo determinações do governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu critérios rigorosos para a seleção dos brasileiros que seriam repatriados do Líbano. O foco foi em grupos prioritários, como idosos, mulheres grávidas, crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade econômica que não tinham recursos para custear suas passagens. Dessa forma, o intuito foi assegurar que aqueles com maior necessidade fossem atendidos primeiro.
Apesar disso, muitos detalhes sobre a escolha dos passageiros permanecem obscuros. A falta de informações sobre os custos envolvidos e as modalidades de triagem adotadas gera questionamentos. Em 2023, uma operação similar trouxe brasileiros de Israel, mas ainda não há dados divulgados sobre os custos ou sobre quantos foram efetivamente atendidos naquela ocasião.
Repatriação de cidadãos
Em situações de crise, outros países adotam diversas estratégias para repatriar seus cidadãos. Alguns, como os Estados Unidos, optam por aumentar a oferta de voos comerciais em vez de enviar aeronaves militares. Já o Reino Unido tomou uma abordagem diferente, fretando aviões comerciais e cobrando dos passageiros uma taxa para embarcar, o que suscita discussões sobre a melhor maneira de realizar operações desse tipo.
- Estados Unidos: Dialoga com companhias aéreas para aumentar voos comerciais, sem enviar aviões militares.
- Reino Unido: Fretamento de aviões comerciais com custo para passageiros.
Custos e logística da repatriação brasileira
Um dos pontos cruciais da operação de repatriação conduzida pelo Brasil é a questão do custo. Estimativas baseadas em comparações com voos comerciais indicam que o valor de cada passagem de Beirute a São Paulo seria aproximadamente de R$ 5.990, totalizando mais de R$ 1 milhão para 220 passagens. No entanto, o custo real do voo realizado pelo KC-30 e outras despesas operacionais ainda são desconhecidos.
Assim, perguntas inevitavelmente surgem: seria mais econômico comprar passagens em voos comerciais para ajudar brasileiros sem recursos? Quanto foi gasto nessa operação em comparação a outras passadas, como em Israel? E será que a triagem foi justa e eficiente? A sociedade aguarda respostas para essas questões a fim de entender melhor como são geridos os recursos públicos em operações de resgate como esta.
Resta claro que, enquanto as operações de repatriação representam um gesto de solidariedade e responsabilidade governamental, elas também colocam à prova a eficiência da logística e a transparência na utilização de recursos públicos. A esperança é que, com o tempo, haja mais clareza e eficiência nesses processos, garantindo que todos os brasileiros, em qualquer lugar do mundo, possam contar com o apoio do seu país em momentos difíceis.