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Uma mulher se tornou a primeira pessoa no mundo a ter sua diabetes tipo 1 revertida completamente, graças a um avanço revolucionário na medicina. A operação, realizada por uma equipe de cientistas e cirurgiões, trouxe esperança para milhões de pessoas que vivem com a doença.
James Shapiro, um cirurgião de transplante e pesquisador da Universidade de Alberta em Edmonton, Canadá, classificou os resultados como impressionantes. Segundo ele, a cirurgia reverteu totalmente o diabetes na paciente, que antes dependia de grandes quantidades de insulina para sobreviver.
Como Funciona o Transplante de Ilhotas?
No procedimento realizado, ilhotas produtoras de insulina foram transplantadas nos músculos abdominais da paciente. Esses aglomerados de células, derivados de células-tronco reprogramadas, são capazes de gerar insulina de forma natural no corpo. No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas, tornando os transplantes de ilhotas uma alternativa promissora.
Qual a Importância Dessa Técnica Inovadora?
A reprogramação celular é um campo de estudo bastante avançado, iniciado há quase duas décadas pelo biólogo japonês Shinya Yamanaka. Deng Hongkui e sua equipe na Universidade de Pequim modificaram essa técnica, substituindo a introdução de proteínas por pequenas moléculas, o que proporciona mais controle sobre o processo.
Como Foi Realizada a Cirurgia?
Em junho de 2023, os pesquisadores injetaram aproximadamente 1,5 milhão de ilhotas nos músculos abdominais da paciente em uma operação que durou menos de meia hora. Diferentemente de outras técnicas que injetam as ilhotas no fígado, essa abordagem permitiu o monitoramento das células pelo uso de ressonância magnética.
Quais Foram os Resultados Pós-Cirurgia?
Dois meses e meio após a cirurgia, a mulher começou a produzir insulina suficiente para viver sem precisar de injeções externas. Ela manteve esse nível de produção por mais de um ano e deixou de sentir os perigosos picos e quedas nos níveis de glicose. Daisuke Yabe, pesquisador de diabetes na Universidade de Kyoto, considerou os resultados “notáveis”.
Quais São os Próximos Passos na Pesquisa?
Embora os resultados sejam promissores, mais estudos são necessários. Jay Skyler, endocrinologista da Universidade de Miami, sugere que é importante verificar se as células continuarão a produzir insulina por até cinco anos antes de considerar a paciente como “curada”. Outros dois participantes do estudo também apresentaram resultados positivos, e novos testes estão programados para mais indivíduos.
Desafios Futuros: Superar a Resposta Autoimune
Embora a paciente não tenha mostrado sinais de rejeição do transplante, graças aos imunossupressores que já estava tomando, o risco de que o corpo possa atacar as novas ilhotas ainda existe. Deng e sua equipe estão trabalhando no desenvolvimento de células capazes de escapar dessa resposta autoimune.
A paciente, que pediu para não ser identificada, revelou estar livre das restrições alimentares, comemorando: “gosto de comer de tudo, especialmente ensopado”. Esta história de sucesso traz novas esperanças e potenciais transformações no tratamento da diabetes tipo 1.