Vice-presidente eleito, que coordena transição de governo, reagiu aos temores do mercado financeiro após discurso do petista voltado à área social
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que coordena a transição de governo, defendeu nestaq quinta-feira (10) o compromisso fiscal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a má reação do mercado financeiro ao discurso do petista favorável a gastos na área social. De acordo com Alckmin, “se alguém teve responsabilidade fiscal, foi o governo Lula”.
“Se alguém teve responsabilidade fiscal, foi o governo Lula. Isso não é incompatível com a questão social. Não é incompatível porque precisa a economia crescer. Esse é o fator relevante. E aí é importante investimento, você tem investimento público e privado, recuperar planejamento no Brasil e bons projetos. Essas oscilações de mercado, no dia de hoje, têm inclusive questões externas além da questão local”, disse.
Alckmin justificou a fala favorável à “responsabilidade fiscal” do petista ao falar sobre a dívida pública. “O presidente Lula, no mesmo discurso, falou da questão social e falou da questão fiscal. E explicitou de maneira clara, o presidente Lula já foi presidente da República, de que assumiu o governo com uma dívida sobre o PIB [Produto Interno Bruto] de praticamente 60% do PIB, e quando transferiu o governo era menos de 40% do PIB. Então abaixou de 60% para 40% a dívida sobre PIB, e teve resultado primário, superávit primário em todos os anos”, acrescentou.
Alckmin destacou que a necessidade de ampliar as previsões orçamentárias para 2023 ao apontar que o atual projeto que definirá as finanças públicas para o próximo ano, feito pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL), é inviável para manter serviços considerados essenciais. “O orçamento que já estava no Congresso Nacional e todo mudo sabe que não é factível minimamente para poder cumprir as tarefas de estado na saúde, na educação e na continuidade, inclusive, das obras”, frisou.
A presidente nacional o PT, Gleisi Hoffmann, também defendeu as políticas ditas por Lula. “Estão dizendo que o mercado reagiu mal ao discurso de Lula porque enfatizou investimentos na área social em detrimento do equilíbrio fiscal. Não foi o que ele disse. Mas onde estavam quando Bolsonaro fez a gastança pré-campanha eleitoral? Comparem a gestão Lula com o desastre de Bolsonaro”, publicou no Twitter.
Gleisi se referiu à chamada PEC Kamikaze, proposta por Bolsonaro às vésperas da campanha eleitoral e aprovada pelo Congresso Nacional com uma série de benefícios. Entre eles, o aumento da parcela do Auxílio Brasil para R$ 600 até 31 de dezembro deste ano.