O ministro Gurgel de Faria, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), abandonou uma sessão de julgamento da Primeira Turma do STJ na última terça-feira (17/9), após um desentendimento com a colega ministra Regina Helena Costa. Gurgel não queria que Regina lesse o voto de um recurso sob a relatoria dela, visto que o presidente da Primeira Turma, ministro Paulo Sérgio Domingues, tinha pedido mais tempo para analisar o caso.
“Senhor presidente, mas vai ler o voto? Ele [Paulo Sérgio] está pedindo vista”, disse Gurgel quando a ministra fez menção à leitura do voto. “Ministra Regina, a gente vai esquecer o que a senhora vai falar”, afirmou ele. Então Regina disse que leria ao público. “Mas que público, ministra Regina?”, contrariou o ministro.
A atitude do ministro repercutiu no meio jurídico e nas redes sociais, com acusações de manterrupting — um termo utilizado quando homens interrompem mulheres quando elas estão falando. O Movimento Nacional pela Paridade no Judiciário emitiu uma nota em apoio à ministra. “É essencial que as vozes das mulheres sejam ouvidas, sem interrupções, para que o Judiciário seja, de fato, um espaço de igualdade”, diz trecho da nota.
O Pedido de Desculpas de Gurgel
O ministro Gurgel, por meio do gabinete, publicou uma nota na qual lamenta o caso. “É importante destacar que os dois já tiveram a oportunidade de conversar logo após a sessão. Ele se desculpou pessoalmente de sua atitude”, diz o comunicado. “O Ministro Gurgel reitera aqui o seu enorme respeito e admiração pela Ministra Regina Helena Costa, com quem construiu um relacionamento de amizade e de convívio gentil e pacífico desde que iniciaram o trabalho no Superior Tribunal de Justiça, há mais de dez anos”, encerra a nota.
Confusão no STJ
Este incidente é relevante por vários motivos. Primeiro, ele traz à tona questões de equidade de gênero e respeito no ambiente de trabalho, especialmente em instituições tão importantes quanto o Judiciário. Em segundo lugar, incide diretamente sobre a confiança pública na imparcialidade e no funcionamento harmonioso do Supremo Tribunal de Justiça.
Além disso, o episódio gerou discussões sobre as dinâmicas de poder e comunicação no meio jurídico. Vários advogados e juristas comentaram nas redes sociais sobre a importância de se manter uma postura respeitosa e colaborativa durante os julgamentos.