O mecânico Eduardo Jardeson da Silva Ribeiro tinha 31 anos quando foi visto com vida pela última vez por familiares. Ele desapareceu na tarde de 21 de junho de 2019, após se envolver em uma confusão com agiotas na rua Luísa Damon, 50, região do Campo Limpo, zona sul paulistana.
Era feriado prolongado de Corpus Christi. A briga teve início por causa de um carro estacionado na rua. O mecânico foi à casa da mãe dele de carona com um amigo. Três rapazes — um era filho de agiota — reclamaram do lugar onde o veículo havia sido deixado.
Eduardo não levou muito a sério e disse que retornaria rápido. Quando ele voltou, os três rapazes estavam quebrando o automóvel. O mecânico ficou revoltado, mas foi contido e espancado. Levou até tapas no rosto. Um dos agressores ainda sacou a arma para ele.
Irado, o mecânico foi embora. Mas antes anunciou que voltaria armado e ameaçou: “Você nunca mais vai bater na cara de homem”. Eduardo cumpriu a promessa e retornou com um revólver 38 velho e enferrujado. Houve nova confusão. Um disparo acertou a virilha do filho do agiota.
Eduardo acabou sequestrado e conduzido até um apartamento no CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Jardim Rosana.
No imóvel tiveram início as torturas. Depois Eduardo foi levado desacordado para um barraco no Molho do Piolho. Os criminosos o torturaram novamente e o sentenciaram à morte na madrugada de 23 de junho, dia do aniversário da mãe dele.
Pessoas ligadas a Eduardo contaram que o mecânico ficou no barraco até acabar o enterro do rapaz baleado na virilha, identificado como Guilherme. Os sequestradores fizeram três vídeos das sessões de tortura e mandaram as imagens para o pai do garoto ainda durante o velório do filho.
Os torturadores colocaram Eduardo no porta-malas de um carro preto e tomaram rumo ignorado. Um morador da região do Jardim Rosana contou à família de Eduardo que os sequestradores jogaram o corpo do mecânico em uma cisterna do PCC (Primeiro Comando da Capital) usada como desova.
Segundo esses relatos, os matadores de Eduardo não negociaram com o PCC, mas conversaram com um integrante da facção criminosa e pediram autorização para esconder o corpo da vítima na cisterna. O caso teve muita repercussão na região.
Ainda de acordo com as informações passadas pelo morador às pessoas ligadas a Eduardo, como os matadores do mecânico não pediram ordens à liderança do PCC no bairro para desovar o corpo na cisterna, os responsáveis pelo sequestro tiveram de pagar R$ 700 mil à organização criminosa.
Policiais civis apuram a veracidade dos relatos do morador e procuram a cisterna.
Com informações de UOL