A possibilidade de acordo entre os dois é minado por disputas internas e divisões que já ocorrem na equipe do futuro governo
Foto: Gustavo Minas/Bloomberg/Getty Images
Lula estará em Brasília para comandar a transição e se encontrar com Lira em um momento crucial para os dois. De um lado, o petista quer negociar uma licença para gastar e cumprir as promessas de campanha. Lira, por sua vez, tenta atrair apoio do PT para a reeleição no comando da Câmara, em 2023, e manter o poder sobre as emendas do relator.
A possibilidade de acordo entre os dois é minado por disputas internas e divisões que já ocorrem na equipe do futuro governo. No mesmo dia, Lula deve bater o martelo sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, costurada pela equipe do novo governo para manter o Auxílio Brasil com o valor de R$ 600 a partir de janeiro. Também deve ser agendada uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, nesta semana.
Em maio, ainda na pré-campanha, Lula começou a atacar o Congresso e criticar o poder de Lira sobre o orçamento, entregue por Jair Bolsonaro (PL) por meio das emendas. O petista chamou o presidente da Câmara de “imperador do Japão”, levando Lira a responder que poderia ser comparado a um imperador, “mas nunca a um ditador”. Depois, em agendas de campanha, Lula classificou o Congresso como o “pior da história” e ainda disse que iria “dar um jeito no Centrão”, grupo do presidente da Câmara.
“A conversa será boa. Ambos no clima, hora de colocar água fria e apaziguar ânimos”, disse o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), um dos petistas escalados para fazer a ponte entre Lula e Lira.