Protesto contra Maduro, em Caracas, nesta terça-feira (30). — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
Recentemente, a situação política na Venezuela tem sido marcada por protestos e polêmicas. Pelo menos 58 adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, continuam detidos após participarem das manifestações contra a fraude eleitoral que prolongou o regime de Nicolás Maduro. A ONG Foro Penal é a principal fonte das informações sobre essas detenções.
Segundo Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal, entre 29 de julho e 9 de setembro, 142 adolescentes foram presos. Desse total, 58 ainda permanecem sob custódia das autoridades venezuelanas. “Continuamos a precisar contrastar e corroborar esses dados, já que não temos acesso oficial à informação”, comentou Himiob em entrevista à CNN.
Detenções de adolescentes em protestos na Venezuela
Os jovens são acusados de crimes que vão desde “incitamento ao ódio” e “obstrução de vias públicas” até “terrorismo” e “destruição de bens público-privados”. Além disso, há relatos de adolescentes com deficiência que foram detidos sem estarem envolvidos nas manifestações. Um caso específico envolve um menor autista, detido em 29 de julho em Los Nuevos Teques, no estado de Miranda, que estava na porta de casa e não participava dos protestos.
Por que as detenções estão acontecendo?
A detenção desses adolescentes faz parte de uma medida mais ampla do governo venezuelano para suprimir a oposição e silenciar os defensores dos direitos humanos. Após o Conselho Eleitoral da Venezuela, sob controle chavista, declarar a “vitória” de Nicolás Maduro, a repressão se intensificou. O método conhecido como “tun tun” tornou-se comum nesse contexto. Esse termo, que se refere ao som de uma batida na porta, foi cunhado por Diosdado Cabello, o “número dois” do chavismo, em 2014.
O “tun tun” é realizado por oficiais do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) e da Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM). Eles batem nas portas das pessoas sem qualquer mandado ou acusação formal, ampliando a perseguição a opositores e pessoas envolvidas com direitos humanos.
Ações do Foro Penal
A ONG Foro Penal, principal entidade responsável pelo acompanhamento das detenções, continua seu trabalho de defesa dos direitos humanos na Venezuela. A última libertação de um grupo de adolescentes foi monitorada pela ONG em 31 de agosto, quando 19 menores foram soltos após audiências judiciais.
Mesmo diante de dificuldades para obter informações oficiais, o Foro Penal segue na luta para garantir a liberdade de jovens injustamente detidos. Suas atividades são cruciais para trazer à luz as injustiças cometidas contra esses adolescentes e pressionar por mudanças no regime opressivo.
Principais motivos alegados para detenções:
- Incitamento ao ódio
- Obstrução de vias públicas
- Terrorismo
- Destruição de bens público-privados
Em um cenário de repressão e falta de transparência, a luta pelos direitos humanos, especialmente os dos menores injustamente acusados, torna-se ainda mais essencial. A comunidade internacional, assim como organizações de direitos humanos, precisa continuar observando e denunciando essas práticas.
A atuação do Foro Penal e de outras organizações semelhantes é fundamental para proteger e garantir os direitos dos jovens venezuelanos durante este período conturbado. É um trabalho contínuo e árduo, mas de suma importância para a justiça e a liberdade.