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O mês de agosto de 2024 registrou um aumento alarmante nas queimadas no Brasil, com devastação totalizando 5,65 milhões de hectares. Este número representa quase metade da área queimada no país desde o início do ano, conforme o levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (12/9). A extensão queimou o equivalente ao estado da Paraíba.
Comparado ao mesmo mês de 2023, houve um salto impressionante de 149% nas queimadas. Em agosto de 2024, foram queimados 3,3 milhões de hectares a mais que no mesmo período do ano anterior, destacando a necessidade urgente de medidas de controle e prevenção.
Queimadas em agosto de 2024: Detalhamento por biomas
São Paulo teve destaque com 86% da área queimada no estado ocorrendo apenas em agosto, totalizando 370 mil hectares. O fogo afetou principalmente áreas agropecuárias, especialmente de cultivo de cana-de-açúcar, com 236 mil hectares devastados. Os municípios de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Pitangueiras foram os mais afetados.
Segundo o MapBiomas, quase dois terços (65%) da área incendiada em agosto foram de vegetação nativa, com as formações savânicas respondendo por 25% da área queimada no mês. O Cerrado foi o bioma mais atingido, totalizando 2,4 milhões de hectares queimados, ou 43% de toda a área queimada no Brasil neste período.
Por que as queimadas aumentaram tanto em agosto de 2024?
Um dos principais fatores para o aumento das queimadas foi a alta incidência de fogo no Cerrado, que é extremamente vulnerável durante a estiagem. “Agosto trouxe um cenário alarmante para o Cerrado, com um aumento expressivo da área queimada, a maior nos últimos seis anos”, explica Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo.
Impacto nos outros biomas: Amazônia, Pantanal e mais
A Amazônia, que ocupa a segunda posição, teve 2 milhões de hectares queimados em agosto. Os estados de Mato Grosso e Pará foram os mais devastados. Municípios como São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Porto Murtinho (MS) estiveram entre os mais afetados.
No Pantanal, a área queimada aumentou em 249% comparado à média dos últimos cinco anos, totalizando 1,22 milhão de hectares queimados até agosto, com 52% desse total ocorrendo apenas em agosto. “Setembro é historicamente o mês que mais queima no Pantanal, um bioma que já passa por extrema seca”, alerta Eduardo Rosa, pesquisador do MapBiomas.
A Mata Atlântica também sofreu com 500 mil hectares queimados em agosto, um aumento de 683% em relação à média anterior, e a Caatinga registrou 51 mil hectares queimados entre janeiro e agosto de 2024 — um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2023.
Como prevenir futuras queimadas?
Para mitigar os impactos das queimadas, é crucial focar em ações preventivas que incluem a educação ambiental, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e reforço na fiscalização e combate aos incêndios. Aqui estão algumas medidas que podem ser adotadas:
- Educação ambiental: Campanhas educativas para sensibilização sobre os riscos e as consequências das queimadas.
- Práticas agrícolas sustentáveis: Incentivo ao uso de técnicas menos dependentes do fogo para limpeza de áreas de cultivo.
- Fiscalização rigorosa: Reforçar a presença de equipes de fiscalização e combate aos incêndios, principalmente nas áreas mais vulneráveis.
- Reflorestamento: Investimento em projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.
A situação atual das queimadas no Brasil em 2024 levanta um sinal de alarme sobre a necessidade urgente de ações coordenadas e efetivas para proteger nossos biomas e garantir um futuro mais sustentável para o país.