foto: Inpe
Na última segunda-feira, 9 de setembro de 2024, grande parte do Brasil estava coberta pela fuligem resultante de queimadas em várias regiões do país. As queimadas, particularmente intensas na Amazônia, Pantanal e Centro-Oeste, estão lançando milhões de toneladas de poluentes na atmosfera. Essa nuvem de fuligem cobre agora aproximadamente 5 milhões de km², ou 60% do território brasileiro, conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A situação não mostra sinais de melhora imediata. As previsões indicam que a pluma das queimadas continuará a se espalhar pelo menos até o final de outubro, podendo se estender até novembro em cenários mais pessimistas. Além de afetar o Brasil, a fumaça já cruzou fronteiras e impacta países como Peru, Bolívia e Paraguai, com expectativa de alcançar o Uruguai e a Argentina nos próximos dias.
Impactos da Fuligem na Saúde Humana
A fuligem das queimadas traz diversos problemas de saúde, especialmente em áreas diretamente atingidas. Segundo Karla Longo, pesquisadora do Inpe, a maior quantidade de poluentes vem das queimadas no Pará, Amazonas e Acre. “A fumaça dessas regiões é empurrada pelos ventos alísios e, ao atingir a barreira dos Andes, é deslocada para o sul do país”, explica a pesquisadora.
Devido às condições climáticas e geográficas, a fuligem se concentra intensamente entre Acre e Rondônia. Rio Branco e Porto Velho aparecem neste momento como as cidades brasileiras com a pior qualidade do ar, classificadas como “muito insalubre” pela plataforma IQAir. Em escala global, São Paulo atualmente lidera como a metrópole com maior poluição atmosférica.
Como os Países Vizinhos Estão Sendo Afetados?
A fumaça das queimadas brasileiras não se restringe às nossas fronteiras, espalhando-se por boa parte da América do Sul. A poluição tem atingido seriamente países como Peru, Bolívia e Paraguai, e espera-se que o Uruguai e a Argentina sejam os próximos afetados pela pluma de fuligem. Esse fenômeno é intensificado por condições climáticas adversas e uma seca sem precedentes que atinge a região.
Países Impactados pela Fumaça das Queimadas
- Brasil
- Peru
- Bolívia
- Paraguai
- Uruguai
- Argentina
Previsões Climáticas e Ações Necessárias
A situação climática atual é alarmante e as previsões para os próximos meses são pessimistas. “Este bloqueio atmosférico deve persistir até o final de setembro, sem grandes perspectivas de chuva. É uma situação extremamente grave”, alerta Karla Longo. Em agosto de 2024, o Brasil registrou o pior número de queimadas em 14 anos, totalizando 68.635 ocorrências, o quinto maior registro desde 1998, representando um aumento de 144% em relação ao ano anterior.
Estatísticas das Queimadas no Brasil
- Cerrado: 1.778 focos (52,5%)
- Amazônia: 1.208 focos (35,7%)
- Outros biomas: 402 focos (11,8%)
O Brasil enfrenta atualmente a pior seca dos últimos 44 anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI). Essa combinação de seca extrema e alta incidência de queimadas requer medidas imediatas e efetivas para mitigação e controle dos incêndios.