O breve pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) depois do resultado das eleições foi bem recebido por militares. Na terça-feira 1º, o chefe do Executivo rompeu o silêncio para afirmar que continuará a respeitar a Constituição Federal de 1988. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, informou que dará início à transição de governo.
“Quando o presidente agradeceu aos 58 milhões de brasileiros que lhe escolheram, automaticamente reconheceu a legitimidade do pleito”, observou o general da reserva Paulo Chagas. Bolsonaro não mencionou, em nenhum momento do discurso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencedor na disputa pelo Palácio do Planalto.
O general acredita que Bolsonaro agiu corretamente ao condenar a interdição de rodovias por caminhoneiros. “O presidente foi superficial, mas disse o que tinha de dizer”, observou. “Ele qualificou a manifestação como uma manifestação semelhante às convocadas pela esquerda. O recado está dado.”
Ao mesmo tempo, Chagas avalia que o discurso do presidente abre margem para interpretações distintas. “Ele está se colocando sutilmente contra os protestos”, afirmou. “Mas também se posicionou de uma forma política, porque gerou dúvidas nos manifestantes. Esse pessoal está com sangue nos olhos.”
O general alerta para a escalada autoritária dos protestos, visto que eles estão impedindo o fluxo de veículos e provocando desabastecimento nos supermercados. “A manifestação é um direito”, salientou. “Mas você não pode tolher o direito de ir e vir dos brasileiros.”