Em uma decisão anunciada neste sábado (24), a NASA escolheu usar uma cápsula da SpaceX para resgatar os astronautas, que estão presos na Estação Espacial Internacional (ISS). O resgate tornou-se necessário após a nave Starliner, da Boeing, apresentar problemas técnicos, adicionando mais um desafio à já complicada trajetória recente da empresa aeroespacial.
Os contratempos da Boeing começaram a ganhar destaque em 2018, com acidentes envolvendo aeronaves 737 Max. Os incidentes culminaram em duas tragédias, resultando em mais de 340 vítimas fatais, gerando uma crise de confiança na segurança dos aviões fabricados pela empresa. Desde então, múltiplos problemas têm pressionado a Boeing a recuperar sua reputação.
Por que a NASA Escolheu a SpaceX para o Resgate?
No início de janeiro deste ano, outro incidente marcou a trajetória da Boeing: uma porta de segurança de um avião caiu durante um voo. Somando-se a crises anteriores, como a do 737 Max, essas falhas têm causado impactos financeiros significativos. A escolha da NASA por uma cápsula da SpaceX foi fundamentada na busca pela segurança dos astronautas, conforme afirmou o representante Bill Nelson.
A decisão foi tomada após vários testes e negociações, indicando que era mais seguro trazer a nave Starliner de volta vazia, esperando que a SpaceX completasse o resgate dos astronautas em fevereiro. Apesar da versão preferida pela Boeing para que sua própria nave fosse utilizada, a segurança prevaleceu como critério principal para a NASA.
Impacto Financeiro nas Operações da Boeing
Embora o programa espacial represente uma pequena fração da receita da Boeing, o transporte de astronautas é uma tarefa de grande prestígio. Richard Aboulafia, analista aeroespacial, comentou que “esta situação é mais uma mancha para a Boeing”. Desde 2018, a empresa acumula perdas substanciais, agravadas pelos incidentes com o 737 Max e agora com a nave Starliner.
Os problemas financeiros da Boeing se intensificaram desde 2022, com a divisão de defesa e exploração espacial registrando perdas de US$ 6 bilhões. Além disso, contratos de longo prazo, como os com o Pentágono e a NASA, passaram a ser revisados devido ao aumento dos custos de produção sem contrapartida nos valores recebidos.
A Boeing Pode Recuperar sua Posição na Exploração Espacial?
Em 2014, a NASA concedeu à Boeing um contrato fixo de US$ 4,2 bilhões para desenvolver uma nave de transporte de astronautas até a ISS. No entanto, a SpaceX também ganhou um contrato de US$ 2,6 bilhões. Apesar de seu histórico e longa parceria com a NASA, a Boeing enfrentou diversos problemas técnicos com o Starliner, resultando em atrasos e sobrecustos significativos.
Mesmo com a SpaceX conseguindo realizar o transporte de astronautas para a ISS em 2020, a Boeing planejava sua missão para este ano. Porém, falhas nos propulsores e vazamentos na nave levaram à sua imobilização na estação espacial, exigindo soluções para um retorno seguro à Terra.
Relatórios indicam que os problemas do Starliner resultaram em uma perda de US$ 125 milhões até junho, somando mais de US$ 1,5 bilhão em custos acumulados. As projeções mostram que pode haver perdas adicionais nos próximos períodos.
Apesar dos desafios, especialistas entendem que o impacto financeiro do Starliner nas operações da Boeing será limitado. O contrato de US$ 4,2 bilhões da NASA é apenas uma pequena parte da receita anual da Boeing, que foi de US$ 78 bilhões no último ano. A empresa continua focada em superar os problemas e avançar em suas missões aeroespaciais e de defesa.