O autor Silvio de Abreu, reconhecido por tramas emblemáticas como A Próxima Vítima (1995) e Belíssima (2005), declarou que parou de acompanhar as novelas da Globo. Em uma entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o roteirista fez severas críticas à atual tendência de remakes adotada pela emissora nos últimos anos.
Silvio de Abreu explicou que sua resistência aos remakes vem de uma experiência pessoal frustrante com o remake de Guerra dos Sexos. Lançado originalmente em 1983, o remake de 2012 não alcançou o mesmo sucesso do original, segundo ele, foi um fracasso.
Por que Silvio de Abreu é contra os remakes?
Para Silvio de Abreu, há várias razões pelas quais uma novela de sucesso é difícil de ser recriada com o mesmo impacto da versão original. O autor argumenta que o sucesso de uma novela depende de múltiplos fatores que incluem o elenco, a direção e o contexto social e cultural da época de sua primeira exibição.
“A novela não faz sucesso só pelo texto, mas pelo todo. São os atores, o período, a maneira de dirigir, o momento em que ela é relevante, e que dali a dois anos pode não ser”, explica o autor. Segundo Silvio, a tentativa de recriar uma novela sem considerar essas variáveis torna-se uma tarefa quase impossível.
Silvio admitiu erros específicos em sua abordagem ao remake de Guerra dos Sexos. Ele afirmou que não fez muitas mudanças no texto original, o que, segundo ele, foi um grande erro. “Eu gostava tanto da novela que não quis mudar muita coisa. Foi um erro”, lamentou.
O que leva uma novela a fazer sucesso?
No remake de Guerra dos Sexos, Silvio sentiu que pequenas mudanças no enredo original exigiriam alterações consideráveis em outras partes da narrativa para manter a coerência. “Quando você refaz, você perde esse processo. Foi o que eu senti em Guerra dos Sexos. Se eu mudasse uma coisa, eu teria que mudar outras 30”, comentou.
Segundo Silvio de Abreu, essa falta de mudanças necessárias fez com que tanto ele quanto o público não ficassem satisfeitos com o resultado. “Ficou uma coisa… Não me satisfez como trabalho nem satisfez o público”, lamenta.
Experiência Pessoal de Silvio de Abreu na Globo
Silvio de Abreu, que dirigiu a dramaturgia da Globo até 2020, também falou sobre seu sentimento de insatisfação em relação ao seu trabalho na emissora. Comentando os desafios de criar um remake, ele admitiu que não ficou feliz com o resultado final.
“Se eu errei, não quer dizer que todo mundo vai errar”, concluiu, destacando que sua experiência negativa com os remakes não significa que a estratégia não possa ser bem-sucedida em outros contextos.
O debate sobre o sucesso e a falência dos remakes continua a ser um tema relevante na teledramaturgia brasileira. Enquanto muitos, como Silvio de Abreu, criticam essa tendência, outros acreditam que com a abordagem correta, é possível reviver clássicos de forma eficaz, mantendo a essência do original com toques contemporâneos.