Um total de 86 emissoras regionais de rádio fecharam desde janeiro de 2022 na Venezuela por determinação da autoridade das telecomunicações (Conatel), que alega, em sua maioria, o vencimento de concessões, denunciou neste sábado (29) o principal sindicato da imprensa.
“A natureza das rádios que vão sendo fechadas é variada, há muitas emissoras que são cristãs, pouquinhas comunitárias, comerciais e musicais”, disse à AFP o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Marco Ruiz.
“Um único caso que era claramente informativa. Nós não pudemos identificar uma atuação motivada para produzir censura nos conteúdos das rádios, não podemos dizer que não aconteça, mas tampouco podemos dizer que o que está mobilizando os fechamentos seja censura aos conteúdos”, continuou.
A entidade reguladora não se pronunciou sobre os fechamentos destas emissoras.
No entanto, o SNTP ressaltou em um relatório anterior que a Conatel “estaria alegando como causa o vencimento das concessões ou a extinção das mesmas” e para a renovação das licenças, cria condições e requisitos “inviáveis para os operadores”.
Também há uma “ausência de resposta frente a solicitações de renovação e habilitação”.
O fechamento de emissoras afetou 16 dos 24 estados do país, sendo Zulia (oeste) o mais prejudicado com 26 rádios tiradas do ar.
Em muitos casos, a interrupção de transmissões não são informadas publicamente, pois os donos das emissoras temem “represálias” ou tentam negociar com a autoridade reguladora.
Na Venezuela, veículos críticos, nacionais e internacionais, perderam espaços nos mais de 22 anos de governos chavistas.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) situa a Venezuela no último lugar do continente no que diz respeito à liberdade de imprensa, e a Repórteres sem Fronteira (RSF) denunciou uma política estatal de “hegemonia comunicacional” e “restrição da informação” no país.
Créditos: Folha de Pernambuco.