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Uma missão científica audaciosa da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, revelou descobertas surpreendentes na Antártida, mais especificamente na Geleira do Juízo Final. O robô subaquático autônomo, chamado Ran, foi enviado em 2020 para investigar essa gigantesca formação de gelo.
Com seis metros de comprimento, o robô Ran foi capaz de identificar estruturas nunca antes vistas sob o gelo, mas desapareceu misteriosamente em janeiro de 2024. A perda do sinal do robô após revelar essas formações inéditas deixou os cientistas intrigados. Pesquisas adicionais indicam que a infiltração de água do mar mais quente sob a geleira está acelerando seu derretimento, o que pode resultar em um aumento do nível do mar em até 60 centímetros.
Por que o derretimento da Geleira do Juízo Final preocupa tanto?
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, EUA, descobriram que a água do mar quente penetra quilômetros abaixo da geleira, acelerando seu derretimento. Utilizando satélites e tecnologia de radar, a equipe conseguiu mapear uma elevação da superfície em algumas áreas, que subiram até 11 quilômetros.
Atualmente, a Geleira do Juízo Final contribui com cerca de 4% para o aumento anual do nível do mar globalmente. Essa enorme massa de gelo funciona como uma barreira que contém o gelo da Antártida Ocidental. Seu colapso poderia levar a um aumento de até 3 metros no nível do mar.
O que torna a Geleira Glaciar Thwaites tão vulnerável?
A Geleira Glaciar Thwaites é a mais larga do mundo, com uma área comparável ao estado da Flórida, nos EUA. Sua vulnerabilidade vem do fato de estar localizada em uma área que inclina para baixo, facilitando sua erosão pela água do mar.
“Antes, dependíamos de dados esporádicos para analisar essa situação,” explica o professor Eric Rignot, coautor de um estudo relevante. “Agora, com dados contínuos, temos uma visão mais clara dos eventos que ocorrem ao longo dos meses.”
Como a água do mar afeta o derretimento das geleiras?
A água do mar infiltra-se em cavidades e canais naturais sob a geleira, gerando pressão suficiente para elevar a camada de gelo. “Em certas regiões, a pressão da água é quase igual à pressão do gelo sobrejacente, então um pequeno aumento na pressão pode empurrar o gelo para cima,” esclarece Rignot.
Ele também destaca que “a velocidade da água do mar influencia no derretimento das geleiras. Quando o gelo derrete, a água doce é substituída por água salgada mais quente, intensificando o processo de derretimento.”
Quais são os impactos das mudanças climáticas nas correntes oceânicas?
Pesquisadores têm monitorado os efeitos das mudanças climáticas nas correntes oceânicas há décadas. Evidências fortes indicam que a água do mar mais quente está se movendo em direção às costas da Antártida e outras regiões polares, exacerbando o derretimento das geleiras.
A missão do robô Ran e os dados obtidos lançam luz sobre os impactos diretos do aquecimento global na Antártida e, subsequentemente, nos níveis dos oceanos em escala mundial. O desaparecimento do robô Ran levanta novas questões e sublinha a crucial importância de continuar estudando esses fenômenos para desenvolver estratégias de mitigação das mudanças climáticas.
Enquanto isso, cientistas como Eric Rignot continuam dedicados a entender o comportamento dessas geleiras e como suas transformações podem afetar nosso planeta.