Nesta segunda-feira (24), a Justiça Federal em Brasília decidiu soltar as advogadas do Primeiro Comando da Capital (PCC) acusadas de participar da articulação de um plano de fuga de líderes da maior facção criminosa do Brasil.
As advogadas ligadas ao PCC estavam presas preventivamente desde agosto, após pedido da Polícia Federal (PF), que deflagou a Operação Anjos da Guarda.
A Justiça também revogou a prisão preventiva de seis membros do grupo criminoso nesse caso, incluindo Marcola.
No entanto, eles continuarão na cadeia devido a condenações definitivas em processos anteriores.
A 15ª Vara Federal atendeu ao pedido das defesas dos investigados, que tiveram acesso ao processo ontem.
Os defensores de Marcola, líder do PCC, alegaram haver ilegalidade e abusividade no processo porque o juiz do caso não realizou a audiência de custódia após a prisão.
As advogadas soltas são Juliana de Araújo Alonso Mirandola e Simone de Araújo Alonso Barbará, de acordo com a revista Veja. A Justiça entendeu que não havia mais motivos para a prisão delas.
Anteriormente, outra defensora Kássia de Assis já havia ido para prisão domiciliar. Todas negam envolvimento com os crimes em apuração.
A determinação da Justiça Federal de que qualquer vazamento de trechos do processo, como áudios e outras mídias, “com finalidade política”, deva ser imediatamente comunicado ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Na véspera do primeiro turno, foi dessa investigação que saíram áudios da PF, nos quais Marcola discutia política com outro detento e citava Lula (PT) e Bolsonaro (PL).
Os áudios foram divulgados dois dias antes do pleito pelo site O Antagonista e retirados do ar pelo TSE, que entendeu que a informação estava distorcida e poderia influenciar a eleição — entre outros motivos, porque, na visão da Corte Eleitoral, Marcola não declarou voto em Lula.
A investigação sobre o suposto plano de fuga de líderes do PCC é conduzida pelo delegado da PF Martin Bottaro Purper.
Segundo a apuração, as advogadas do PCC levavam mensagens de criminosos que estão soltos para as lideranças que estão presas, e vice-versa, por meio das conversas no parlatório das penitenciárias.
Para não serem flagradas, já que as conversas são gravadas, as advogadas usariam linguagem cifrada, citando nomes de advogados que não existem para se referir a membros do grupo criminoso que estão nas ruas e as siglas “STF” e “STJ” como menção ao plano de fuga.