O Grupo Natura anunciou recentemente um apoio financeiro significativo à Avon, que solicitou recuperação judicial nos Estados Unidos por meio do Capítulo 11 da Lei de Falências. A Natura, maior credora da Avon, acredita no potencial da marca e, por isso, se compromete a fornecer um financiamento de US$ 43 milhões, cerca de R$ 236 milhões.
Além disso, a Natura pretende adquirir as operações internacionais da Avon em países fora dos EUA, oferecendo US$ 125 milhões. Este movimento estratégico visa apoiar a Avon ao longo do processo de reestruturação, permitindo que a empresa continue suas atividades normalmente.
Como Funciona o Capítulo 11 da Lei de Falências?
O Capítulo 11 permite que uma empresa reestruture suas dívidas sob supervisão judicial, suspendendo temporariamente as cobranças dos credores. Este período é crucial para que a companhia crie e implemente um plano de reestruturação financeira.
Camila Crespi, advogada especialista, explica: “a escolha por esse procedimento visa, em curto prazo, quitar os credores, bem como fortalecer a estrutura de capital da empresa a longo prazo, possibilitando novos financiamentos”. A Avon aguardará a aprovação judicial para a compra das operações americanas pela Natura.
Impactos da Reestruturação da Avon
Segundo a Natura, não é esperado impacto nas operações da Avon fora dos Estados Unidos, especialmente na América Latina, onde a marca é distribuída pela Natura. A integração entre Natura e Avon continua a apresentar progresso constante.
Esta manobra deve permitir que a Avon estabilize suas finanças e continue a operar sem interrupção, beneficiando também os credores, que terão suas dívidas quitadas ao fim do processo. A expectativa é que, com o suporte da Natura, a Avon possa fortalecer sua estrutura de capital e buscar novos investimentos.
Por Que a Natura Enfrenta Prejuízos?
No segundo trimestre de 2024, o Grupo Natura anunciou um prejuízo líquido de R$ 859 milhões, um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado é atribuído à “reestruturação voluntária da API”, contabilizando perdas de R$ 725 milhões.
Sem esses efeitos, a Natura indica que teria registrado lucro de R$ 162 milhões. Portanto, a reestruturação e o apoio à Avon são vistos como passos essenciais para recuperar a robustez financeira no futuro.
O Futuro da União entre Avon e Natura
A união estratégica entre Avon e Natura foi inicialmente aclamada por criar uma força importante no mercado de cosméticos. Luiz Seabra, cofundador da Natura, declarou que a união traria valor social, ambiental e econômico a uma rede em constante expansão.
Chan Galbato, então presidente do conselho da Avon, também tinha expectativas positivas sobre a parceria. No entanto, em fevereiro de 2024, a Natura anunciou a possibilidade de uma cisão, dadas as operações independentes de cada empresa. Esses estudos estão em pausa até a conclusão do processo de recuperação da Avon nos Estados Unidos.
Com a ajuda financeira e o apoio estratégico da Natura, há esperança de que a Avon possa superar seus desafios atuais e prosperar no futuro, garantindo benefícios para ambas as marcas e seus stakeholders.