Imane Khelif, representando a Argélia, conquistou a medalha de ouro na categoria de 66kg de boxe feminino nesta sexta-feira (9), em Roland Garros. A vitória foi alcançada de forma contundente ao derrotar a chinesa Liu Yang, em uma decisão unânime dos jurados.
A conquista de Khelif não veio sem controvérsias. O evento ficou marcado pela polêmica envolvendo a desqualificação de Khelif e da boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting antes do Campeonato Mundial de Nova Délhi, realizado em 24 de março de 2023. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) insistiu que ambas as atletas mereciam competir, desconsiderando a decisão da Associação Internacional do Boxe (IBA).
Boxe: Imane Khelif e a Controvérsia do Teste de Gênero
O teste de gênero aplicado às atletas gerou grande debate. Seu desempenho nas Olimpíadas de Tóquio 2020 havia sido marcante, com Khelif avançando até as quartas de final. A IBA alegou que as atletas “têm cromossomos XY”, algo que o COI argumentou não ser uma questão transgênero, destacando que ambas estão registradas como mulheres em seus passaportes.
Como o COI Respondeu à Desqualificação das Atletas?
No dia 1º de março, o porta-voz do COI, Mark Adams, destacou que “não era uma questão transgênero” e que as atletas foram desclassificadas de forma arbitrária pela IBA. Adams salientou que a qualificação para as competições deveria ser baseada em evidências científicas e seguir processos adequados, e não ser alterada no meio de uma competição.
- Angela Carini, da Itália, que inicialmente contestou a força dos golpes de Khelif, pediu desculpas depois.
- Anna Luca Hamori, da Hungria, manifestou sua gratidão em competir.
- Janjaem Suwannapheng, da Tailândia, reconheceu Khelif como uma lutadora forte.
Dois Testes Laboratoriais para Uma Decisão
A IBA organizou uma coletiva de imprensa e confirmou que ambos os testes realizados em maio de 2022 e março de 2023 indicaram resultados fora dos critérios de elegibilidade. Contudo, esses testes foram considerados confidenciais pela Associação.
O secretário-geral da IBA informou que Khelif foi excluída da competição e deveria devolver sua medalha. As atletas foram instruídas a apelar da decisão junto à Corte de Arbitragem do Esporte (CAS) dentro de 21 dias. Enquanto Lin Yu-ting não contestou, Khelif iniciou a apelação, mas desistiu posteriormente.
A disputa entre o COI e a IBA continua, com implicações geopolíticas suspeitas de influência russa. No entanto, para muitos, a batalha pessoal de Khelif por justiça e reconhecimento destaca-se como um exemplo de superação em meio às adversidades.