As mudanças climáticas provocadas pela ação humana têm piorado significativamente as condições que levam aos incêndios no Pantanal. De acordo com um estudo do grupo internacional World Weather Attribution, realizado por 18 pesquisadores de países como Brasil, Estados Unidos e Reino Unido, as condições de temperatura, seca e vento que provocaram o recorde de incêndios neste ano ficaram 40% mais intensas e entre quatro e cinco vezes mais prováveis.
Os pesquisadores destacam a “necessidade urgente de substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis, reduzir o desmatamento e reforçar as proibições de queimadas controladas” para combater o impacto dos incêndios florestais na fauna, flora, comunidades indígenas e agricultura. As emissões de combustíveis fósseis têm um papel significativo no aquecimento global, que por sua vez aumenta a frequência e intensidade dos incêndios no Pantanal.
Impacto das Mudanças Climáticas nos Incêndios do Pantanal
O estudo aponta que o risco de incêndios na área mais úmida do mundo está sendo impulsionado principalmente pelo aumento das temperaturas e pela diminuição dos índices de precipitações e da umidade relativa do ar. Esses fatores tornam o ambiente mais suscetível a incêndios, que podem rapidamente se tornar devastadores.
Clair Barnes, pesquisadora do instituto britânico de pesquisa ambiental Grantham, explica que “A mudança climática sobrecarregou os incêndios florestais no Pantanal. À medida que as emissões de combustíveis fósseis aquecem o clima, as zonas úmidas aquecem, secam e transformam-se em uma caixa de pólvora.”
Quais São as Previsões para os Próximos Meses?
Os pesquisadores estão preocupados com as condições futuras. “Os incêndios florestais do Pantanal deste ano têm potencial para se tornarem os piores de todos os tempos. Estão previstas condições ainda mais quentes em agosto e nos próximos meses, e existe uma ameaça considerável de que os incêndios florestais possam queimar mais de três milhões de hectares,” ressalta Filippe Santos, pesquisador da Universidade de Évora e colaborador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Até o momento, mais de 1,2 milhão de hectares do Pantanal foram queimados durante essa temporada de incêndios — cerca de 8% do bioma. Além do dano ambiental, milhões de animais provavelmente morreram.
O Que o Governo Está Fazendo para Combater os Incêndios?
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o Pantanal pela primeira vez desde o início dos incêndios. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e julho de 2024, houve 4.696 focos de incêndio, um número 11% superior ao registrado até julho de 2020, na gestão Jair Bolsonaro.
O Ministério do Meio Ambiente informou que 890 profissionais do governo federal estão atuando na crise, entre integrantes das Forças Armadas, do Ibama, ICMBio, Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Federal. Além disso, o governo federal liberou R$ 137 milhões de créditos extraordinários para o combate ao incêndio.
Principais ações do governo:
- Mobilização de 890 profissionais das Forças Armadas, Ibama, ICMBio, Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Federal
- Uso de 15 aeronaves e 33 embarcações
- Liberação de R$ 137 milhões em créditos extraordinários
Embora o efetivo seja três vezes maior do que o empregado até o final de junho, as ações do governo ainda são consideradas insuficientes para conter os incêndios de forma eficaz.
Os dados mostram que a crise dos incêndios no Pantanal demanda uma ação mais coordenada e urgente tanto a nível nacional quanto internacional. Substituir combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis e implementar políticas mais rígidas contra o desmatamento são passos fundamentais para reverter esse cenário.