O Brasil lidera o ranking de países do G20 em recuo da taxa de desemprego. O país saiu de um índice de 13,1% de desempregados em agosto de 2021, para 8,9% no mesmo mês deste ano, registrando uma queda de 4,2 pontos percentuais.
A lista elaborada pela Austin Rating, a pedido do CNN Brasil Business, traz o Brasil em primeiro lugar, seguido pela Espanha (-2,2 p.p.), Turquia (-2,1 p.p.), Canadá (-1,7 p.p.) e Estados Unidos (-1,5 p.p.).
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número representa uma queda de 0,9 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior, terminado em maio, e é o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015 (8,7%).
Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, ressalta essa diminuição na taxa de desemprego e projeta novas quedas até o final do ano. “Agora é um período sazonal em que se contrata muito e por isso prevemos que a taxa chegue a 8% em dezembro”, prevê o responsável pelo ranking.
Em termos de queda, o Brasil foi o país que mais recuou em pontos percentuais. Agostini explica que isso acontece porque o Brasil tem uma volatilidade no emprego muito forte. “O avanço na vacinação proporcionou uma retomada econômica, principalmente no setor de serviços, do meio deste ano até agora. Este setor está crescendo muito e gerando bons empregos”, destaca.
Reflexo da pandemia
Na visão de Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, se comparar os países com a maior taxa de desemprego, o Brasil está entre eles, ou seja, existe um espaço para uma queda acentuada. “Mesmo com esse recuo no índice, o nível de desemprego no país ainda está entre os maiores do G20”, aponta.
Imaizumi explica que esse fenômeno de quedas nas taxas de desemprego não é exclusivo no Brasil, apesar de ser o que está recuando com mais força. “Uma das causas mais importantes para essa queda é a retomada da pandemia e a aceleração da vacinação, que cobriu uma parcela da população adulta no segundo semestre de 2021. Foi nesse período que as atividades mais dependentes de circulação de pessoas sinalizou uma retomada nas vagas de emprego”, explica.
Para o economista, a pandemia deixou marcas no mercado de trabalho em todo mundo. “Historicamente, se compararmos a média de nível de desocupação, as taxas estão menores de antes da pandemia, porque muita gente deixou de procurar emprego”, diz.
Outro motivo citado por Imaizumi referente à diminuição nas taxas de desemprego no Brasil, são os estímulos artificiais e injeção de dinheiro público pelo governo federal. “Foram adotados vários pacotes de medidas, como o adiantamento do 13º do INSS, saque extraordinário do FGTS, a mudança na alíquota do ICMS agora no segundo semestre, enfim, que acaba ajudando a aquecer a atividade econômica. Isso impulsiona o consumo, o que gera mais vaga no mercado”, pontua o economista.
Luciano Salamacha, professor de estratégia empresarial da Faculdade Getúlio Vargas, faz uma análise nos reflexos da pandemia. Segundo ele, este período impulsionou o emprego no país. “A taxa de desemprego vinha com níveis muito altos antes mesmo da chegada da Covid-19. Já em agosto e setembro de 2021, a quantidade de desempregados já era menor que antes da pandemia”, destaca.
A partir desta data, o Brasil já apresentava uma retomada na produção interna, aquecimento na atividade de empreendedorismo. Muita gente foi para a informalidade e agora começou a retomar ao pleno emprego.
O professor mostra que alguns setores estão aquecidos, como é o caso da tecnologia e serviços. “As vagas ligadas ao turismo movimentou o mercado interno, exigindo mais trabalhadores com carteira assinada. Como as pessoas não têm como ir para o exterior, o Brasil se tornou o principal destino. Esse cenário reativa o consumo interno, principalmente em bares, restaurantes e entretenimento, gerando cada vez mais emprego”, conclui.
Créditos: CNN.