Um russo que usava uma falsa identidade brasileira está entre os libertados pelos Estados Unidos em uma recente troca de prisioneiros com a Rússia. Os governos americano e russo finalizaram na quinta-feira, 1º de agosto de 2024, a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria.
Segundo o presidente Joe Biden, 16 pessoas foram libertadas das prisões russas. Por outro lado, o FSB, o Serviço Federal de Segurança russo, confirmou que oito de seus cidadãos foram soltos em retorno. Os filhos de dois dos prisioneiros também retornaram à Rússia.
O surpreendente acordo entre EUA e Rússia para troca de prisioneiros
Mikhail Mikushin, o russo que se passava por “brasileiro” com o nome de José de Assis Giammaria, foi preso em Tromsø, na Noruega, em novembro de 2022. As autoridades norueguesas acusaram Mikushin de espionagem. Na época, a embaixada russa em Oslo informou não ter dados sobre a cidadania russa de Mikushin.
Segundo informações da BBC Brasil, a certidão de nascimento de José Assis Gianmaria foi emitida em Padre Bernardo, no interior de Goiás. Funcionários do cartório não sabem como o documento foi parar nas mãos do russo. Mikushin usou a identidade falsa para se infiltrar em universidades do Canadá e da Noruega.
Como o Brasil se tornou ‘berçário’ de espiões russos?
Segundo investigação, Mikhail Mikushin estudou na Academia Militar Diplomática do Departamento Central de Inteligência russo (GRU) e seria um oficial de inteligência atuando ilegalmente no exterior. O site The Insider revelou que Mikushin estaria envolvido em trabalhos de investigação no Canadá e depois se mudou para a Noruega.
Três principais motivos explicam por que o Brasil foi escolhido pela Rússia como ponto de partida de alguns dos agentes de elite:
- Fragilidades dos sistemas de emissão e controle de documentos no Brasil
- Histórico de não envolvimento do país em conflitos internacionais
- População miscigenada
Quem são os outros prisioneiros trocados entre EUA e Rússia?
Entre os demais prisioneiros trocados estão o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich e o veterano da Marinha dos EUA Paul Whelan. Também fazem parte da lista o cidadão alemão Rico Krieger e o prisioneiro político russo Ilya Yashin.
Os prisioneiros russos estavam detidos nos EUA, Noruega, Eslovênia, Polônia e Alemanha. Um desses prisioneiros é Vadim Krasikov, identificado pelas autoridades alemãs como coronel do serviço de inteligência russo FSB.
O governo da Turquia facilitou e sediou a troca na quinta-feira. A presidência turca informou que todos os prisioneiros desceram de aeronaves no aeroporto de Ancara e foram transferidos para locais seguros antes de serem enviados para seus respectivos países de destino.