Desde o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, o Brasil enfrenta uma situação econômica marcada por incertezas e volatilidade. No decorrer dos últimos meses, observou-se uma desvalorização expressiva do real frente ao dólar, a ponto de registrar o pior desempenho comparado a outras moedas significativas globalmente, juntamente com uma queda na bolsa de valores.
As causas dessa crise são claras: os investidores questionam o compromisso de Lula com políticas fiscais e monetárias responsáveis e estão céticos quanto ao seu recente interesse por um Estado mais intervencionista. Essa é a análise apresentada em um artigo da revista britânica The Economist, publicado na última quinta-feira (18).
Por que o Real teve um desempenho tão fraco neste ano?
Investidores expressam preocupação com a abordagem econômica do governo, principalmente no que tange à gestão fiscal e ao aumento dos gastos públicos. A incerteza sobre a autonomia do Banco Central e a influência do governo em empresas estatais são pontos que intensificam a desconfiança no mercado. Este panorama foi intensificado pelo término do mandato de Roberto Campos Neto e a possível nova composição da diretoria do Banco Central indicada por Lula.
“Mas os sinais são confusos”, afirma oThe Economist. “O governo Lula gasta muito, e ele muitas vezes parece relutar em controlar isso. Além disso, o presidente tem se intrometido em empresas controladas pelo Estado.”
O que foi feito para recuperar a confiança dos mercados?
Em uma reviravolta em meio às críticas, Haddad implementou um novo arcabouço fiscal com o objetivo de controlar os gastos. Prometeu eliminar o déficit primário e projetar superávits nos próximos anos. Estas medidas visam estabilizar a dívida pública e tratar de uma inflação que ainda pressiona a economia. Apesar da oposição dentro do próprio governo, medidas como a tributação de fundos de investimento offshore e o aumento de impostos sobre importações destacam um esforço para melhorar a arrecadação.
Quais são os próximos passos para o governo Lula na economia?
Além dos ajustes fiscais, Haddad sinalizou cortes orçamentários e um pente-fino nos benefícios da previdência, que poderiam gerar uma economia significativa para o tesouro público. Porém, essas propostas encontram resistência, inclusive do presidente, que enfatiza a importância de crescer a economia e aumentar o emprego e salários.
O enfrentamento das inundações no sul e a necessidade de uma política industrial mais robusta adicionam camadas de desafio à gestão econômica. Lula também indicou mudanças de liderança em empresas estatais chave, com estratégias que levantam preocupações de um possível retorno à ineficiência administrativa observada em governos anteriores.