Após o final da gestão de Jair Bolsonaro, o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, tem mantido um perfil discreto. Dividindo seu tempo entre Brasília e Fortaleza, o general tem se afastado dos holofotes e de muitos de seus colegas militares, evitando participações em eventos públicos e declarações à mídia.
Uma exceção foi seu depoimento à Polícia Federal em março de 2024, onde confirmou que Bolsonaro tentou explorar recursos militares como a Garantia da Lei e da Ordem e o Estado de Sítio para questionar o resultado das eleições de 2022, vencidas por Lula. Freire Gomes enfatizou que, como chefe do Exército naquele momento, rejeitou veementemente qualquer tentativa de ruptura institucional.
Recentemente, Freire Gomes quebrou seu silêncio para defender um alto oficial do Exército em um contexto de investigação conduzida pela Polícia Federal. Este apoio veio por meio de um testemunho onde ele elogiava o comportamento profissional e pessoal do General Estevam Theophilo, responsável pelo Comando de Operações Terrestres até o final de 2023.
Segundo investigações, Theophilo participou de várias reuniões com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Esses encontros são objeto de interesse da polícia para entender se houve algum comprometimento do militar com as supostas tentativas do ex-presidente de subverter o processo eleitoral.
Um fato intrigante nas investigações é a contradição entre as declarações dos dois generais, Freire Gomes e Theophilo. Enquanto Freire Gomes disse à Polícia Federal que não instruiu Theophilo a se reunir com Bolsonaro, este último afirmou que suas visitas ao Alvorada foram a pedido de seu superior.