A manhã de terça-feira revelou uma cena bastante movimentada na área da Vila Olímpia, em São Paulo, onde a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) se tornou o foco de uma extensa operação de busca e apreensão. A ação, executada pela Polícia Civil, faz parte de uma investigação sobre alegações de estelionato que têm preocupado centenas de aposentados associados ao INSS.
Ambec, que surgiu com um modesto número de apenas três membros inicias, viu seu número de associados disparar inesperadamente para 653 mil entre os anos de 2023 e 2024, o que por si só já levantou suspeitas. Essa súbita explosão de crescimento originou também um formidável volume de receita, com a entidade arrecadando impressionantes R$ 30 milhões mensalmente através de descontos nos benefícios dos aposentados.
O que levou à operação na Ambec?
A principal suspeita aponta que a Ambec pode ter utilizado métodos não convencionais para catapultar seu crescimento e receitas. Relatos de aposentados, que se encontraram involuntariamente ligados à associação e consequentemente sujeitos a descontos contínuos em seus benefícios, são a peça central desta investigação. A entidade, supostamente, firmou um acordo de cooperação técnica com o INSS em 2021, o que lhe permitiu realizar esses descontos diretamente na folha de pagamento dos aposentados.
Como a Ambec respondeu às acusações?
Em meio às crescentes reclamações e processos judiciais, que já somam mais de 14 mil, a Ambec defende sua integridade, negando as acusações de adesões forçadas ou filiações fraudulentas. A associação afirma ter prestado todos os esclarecimentos necessários às autoridades e contesta a existência de qualquer ato ilícito nas suas operações. Contudo, a justiça tem condenado a entidade a reembolsar e indenizar vários aposentados, criticando a falta de provas que confirmem a concordância dos idosos com os termos de filiação.
O que acontece agora com a Ambec?
A investigação permanece em curso com a possibilidade de novas revelações e medidas sendo tomadas pela Polícia Civil e outros órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU). O escândalo também motivou mudanças significativas no INSS, incluindo a exoneração do diretor responsável pelos acordos de cooperação. Essas mudanças refletem o esforço contínuo para garantir a transparência e a proteção dos direitos dos aposentados brasileiros.
Enquanto a Ambec luta para limpar seu nome, muitos estão de olho para ver como esse complexo caso irá se desdobrar e quais serão as reparações destinadas aos aposentados afetados. Por agora, o episódio serve como um lembrete rigoroso sobre a necessidade de vigilância e supervisão constantes em organizações que lidam diretamente com as finanças de públicos vulneráveis.