No período de quase duas décadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) presenciou uma redução significativa no número de leitos disponíveis para atendimento à população. Segundo um levantamento divulgado pelo site Poder 360 e feito pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), ligado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o Brasil perdeu 41.914 leitos desde outubro de 2005 até maio de 2024. Esta retrocesso ocorreu de forma mais acentuada durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com um total de 18.441 leitos eliminados.
A queda acentuada no número de leitos sugere desafios significativos no financiamento e na gestão da saúde pública brasileira. O estudo, nomeado “Farol da Oposição”, aponta também uma constante diminuição na participação da União no aporte de recursos para a saúde. Em 2002, segundo dados do Ipea, o governo federal contribuía com 52,8% do financiamento da saúde, número que desceu para 40% em 2023.
Como o financiamento influenciou a redução de leitos no SUS?
O documento elaborado pelo ITV destaca que a redução dos leitos do SUS não ocorre isoladamente. Ela é, em grande parte, resultante da diminuição dos recursos federais destinados à saúde. Esta análise se alinha a um contexto em que o financiamento público se mostrou insuficiente para suprir as necessidades crescentes do sistema de saúde, que enfrentou, ainda, o impacto da pandemia do covid-19.
Impacto da pandemia na oferta de leitos
Durante os primeiros meses críticos da pandemia, o governo de Jair Bolsonaro (PL) conseguiu um breve aumento na oferta de leitos, adicionando cerca de 23.000 vagas emergenciais. Contudo, essa expansão foi temporária e não reverteu a tendência declinante observada nos anos anteriores.
Quais são as projeções para o futuro do SUS?
Além de diagnosticar os problemas anteriores, o ITV levantou preocupações quanto às perspectivas futuras do SUS. A continuidade dessa tendência de diminuição no financiamento e no número de leitos pode colocar a saúde pública do país em uma situação ainda mais crítica, afetando diretamente a capacidade de atendimento à população.
Reforma tributária e saúde pública: Um tópico que não pode ser desconsiderado é a recente reforma tributária, que, segundo o instituto, precisa ser vista com atenção especialmente pelas isenções fiscais que impactam as receitas disponíveis para áreas cruciais como a saúde.
Os analistas do ITV sugerem que uma política fiscal equitativa e com menos privilégios poderia melhorar a capacidade de investimento em saúde, trazendo um retorno significativo em termos de quantidade e qualidade dos serviços oferecidos à população.
Conclusão
Portanto, o recuo no número de leitos e a diminuição dos investimentos em saúde explicam-se não apenas por políticas internas, mas também por contextos econômicos mais amplos. Fica claro que ações concretas são necessárias para garantir que o SUS possa continuar a cumprir seu papel essencial na sociedade brasileira.