O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o governo já mobilizou toda sua base de parlamentares para que o projeto de lei que institui penas para as pesquisas eleitorais que apresentarem resultados divergentes do que foi trazido pelas urnas. O projeto é de autoria do próprio líder do governo, e prevê prisão de até dez anos para quem publicar pesquisa divergente nos 15 dias anteriores ao pleito.
Embora não esteja previsto na pauta de votações desta semana, a proposta deve ser incluída por meio de acordo dos líderes partidários. O acerto está sendo costurado por Barros com o auxílio direto do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A proposta do governo ganhou força depois do primeiro turno das eleições deste ano. Os erros mais graves das pesquisas de intenção de voto divulgadas às vésperas das eleições, com maior discrepância entre a sondagem e o resultado das urnas, foram em desfavor de candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
A maior discrepância foi na pesquisa Ipec para o Senado do Espírito Santo: a sondagem havia apontado Rose de Freitas (MDB) em primeiro lugar, com 44%, acima de Magno Malta (PL), com 37%; Rose terminou a eleição com 17,3%, ou seja, 26,7 pontos porcentuais a menos do que apontava o instituto, e Malta venceu a eleição para o Senado, com 42%.
“Foi um erro gravíssimo, já que esses levantamentos acabam manipulando e interferindo diretamente na escolha do eleitor, que muitas vezes se vê compelido a trocar seu candidato para fazer valer o ‘voto útil’”, disse o líder do governo.
Pesquisas precisam ser ‘mais rígidas’
A posição de Barros é corroborada por Lira. Na análise do presidente da Câmara, é preciso tornar mais rígida a legislação, a fim de evitar a repetição das divergências entre as pesquisas e o resultado final do primeiro turno da eleição.
“Eu creio que o mais efetivo será a votação de um projeto de lei e, se essas alterações acontecerem, eu penso que as pessoas vão olhar com um pouco mais de seriedade, porque hoje a pesquisa perdeu credibilidade. Não se pode usar a mesma metodologia e ter resultados tão díspares.”