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A saída de capital estrangeiro da B3, a bolsa de valores brasileira, no primeiro semestre deste ano está sendo a mais intensa desde 2020, ano da pandemia de Covid-19. A expectativa é de que o fluxo negativo continue predominando nos próximos meses, devido à falta de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) e à deterioração fiscal no Brasil. As informações são do Pleno News.
Até o dia 20 de junho, os investidores estrangeiros retiraram R$ 6,546 bilhões da B3, configurando o pior mês de junho desde que os registros começaram em 2007. Com isso, o saldo negativo acumulado no ano atinge R$ 42,438 bilhões. Este é o maior volume de saída de capital desde o primeiro semestre de 2020, quando o fluxo negativo alcançou R$ 73,679 bilhões na mesma base comparativa.
Com o real desvalorizado em 3,7% em relação ao dólar em junho, e uma depreciação de 12% ao longo de 2024, os analistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do jornal O Estado de São Paulo, apontam que os investidores estrangeiros estão perdendo o interesse em oportunidades no Brasil.
“Nos próximos dois ou três meses, os Estados Unidos não devem cortar os juros, e também temos que resolver nossos problemas de discussão fiscal. Então, no curtíssimo prazo, o [capital] estrangeiro não deve voltar para o Brasil”, afirma Gilberto Nagai, superintendente de renda variável da SulAmérica Investimentos.
Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos, concorda, destacando que o Brasil precisa minimizar ruídos e garantir um próximo presidente do Banco Central com credibilidade e unidade interna.
Eduardo Carlier, codiretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, observa que boa parte da retirada de investidores internacionais da B3 está ligada a questões domésticas, algo incomum dado que geralmente fatores externos explicam esse cenário.
“Temos uma situação oposta. Enquanto há sinais de melhora de indicadores dos Estados Unidos, o que se reflete nas bolsas e nos juros americanos, o Brasil tem se destacado na contramão”, afirma Carlier.
Em junho, a devolução de parte da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins, que visava compensar a desoneração da folha de pagamento, aumentou as preocupações sobre o equilíbrio das contas públicas brasileiras.