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Tales de Carvalho, filho de Olavo de Carvalho, nega acusações de estupros, tortura e violência psicológica feitas por ex-mulheres.
Quatro mulheres entrevistadas pela coluna do Guilherme Amado nas últimas semanas afirmam ter sido vítimas de estupros, tortura física e psicológica cometidas por Tales de Carvalho, filho do escritor Olavo de Carvalho e um dos proprietários do Instituto Cultural Lux et Sapientia (ICLS). Entre as testemunhas está uma das ex-mulheres de Tales, Calinka Padilha de Moura, e as duas filhas mais velhas do casal, Julia Moura de Carvalho e Ana Clara Moura de Carvalho. Elas narram episódios de crueldade e sadismo ocorridos ao longo de mais de duas décadas, além de descrever uma espécie de seita formada em torno do ICLS. A coluna também ouviu outras três ex-mulheres de Tales. Sob condição de anonimato, uma delas gravou entrevista. Todas as denunciantes detalham experiências traumáticas, que podem ser gatilhos emocionais. Se este conteúdo for desconfortável para você, considere buscar ajuda especializada ou não prosseguir na leitura.
Tales ganhou notoriedade em março deste ano, quando a família de uma estudante de Goiás conseguiu na Justiça a decisão que obrigava a jovem, então com 18 anos e dois meses morando com Tales de Carvalho em Curitiba, a retornar ao estado e declarar perante um juiz se, por vontade própria, havia viajado para encontrar o empresário e decidido morar com ele. A Polícia Federal e a polícia do Paraguai foram mobilizadas para cumprir a decisão judicial, já que a estudante foi localizada na cidade paraguaia de Presidente Franco, fronteira com Foz do Iguaçu, na casa de Luiz de Carvalho, irmão de Tales. Dias antes, por ordem de Tales, a jovem havia sido levada para lá.
Agressões e Torturas
Calinka Moura afirma que o retorno a Tales de Carvalho marcou o início de um período de dois anos e meio de agressões e torturas constantes. A tortura física começou em agosto de 2007 e terminou no final de 2009. Tales, inconformado com a vida que Calinka levou após a separação, queria saber detalhes desse período e usava um cinto para agredi-la. Posteriormente, ele utilizou fios de telefone para chicoteá-la, principalmente na região vaginal, justificando as agressões como uma forma de “purificação” prevista pelo Islã, algo que não tem base na religião. Sheikh Mohamad Al Bukai, líder da Mesquita Brasil, refutou tais práticas, afirmando que o Islamismo prega bondade e respeito, especialmente no tratamento com a esposa.
Relatos de Tortura e Estupro
Os atos de tortura incluíam espancamentos, estupros com objetos, e ameaças de mutilação. A outra esposa de Tales também foi vítima de violência, especialmente após uma suposta traição. Ambas sofreram técnicas de tortura como chicotadas com fios de telefone, descritas por Calinka como práticas de sadismo extremo.
Calinka também relatou que Tales as obrigava a assistir a vídeos de crianças sendo estupradas, e em seguida as estuprava. Julia e Ana Clara, filhas de Tales, afirmaram ter encontrado no computador do pai vídeos de pornografia infantil, reforçando a conexão do empresário com esse universo de crimes hediondos.
Fuga em 2021 e Processo na Justiça
Em abril de 2021, Calinka decidiu deixar Tales, levando consigo a filha mais nova, Julia, e o genro. As filhas relataram que cresceram ouvindo os gritos e sons das agressões. Um acordo judicial firmado em 2022 determinou a guarda unilateral da filha mais nova para Tales, com visitas de Calinka em finais de semana alternados. Tales se comprometeu a pagar uma indenização à ex-mulher e desistiu de duas queixas-crime contra ela.
Outras Relações de Tales
Além de Calinka, Tales se casou com outras mulheres, incluindo uma marroquina que ficou poucos meses no Brasil e outras duas brasileiras. A jovem de 17 anos, aluna do ICLS, é um exemplo de como Tales utilizava a entidade não apenas para obter recursos financeiros, mas também para encontrar novas esposas.
Relação com Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho, apesar de seu próprio curso de filosofia, foi um importante impulsionador do ICLS, participando de transmissões ao vivo e elogiando os cursos. Entretanto, ele fez críticas públicas aos filhos, especificamente à prática de convidar alunos para aderir a confrarias islâmicas.
Nota: Tales de Carvalho nega todas as acusações de estupros, tortura e violência psicológica.