As contas do Governo Central registraram um déficit primário em maio. No mês passado, a diferença entre receitas e despesas ficou negativa em R$ 60,983 bilhões. Esse resultado sucedeu o superávit de R$ 11,082 bilhões em abril.
O saldo, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, foi o pior desempenho real para o mês desde 2020, durante a pandemia, sendo também o segundo pior resultado na série histórica do Tesouro, iniciada em 1997. Em maio de 2023, o déficit havia sido de R$ 45,014 bilhões, em valores nominais.
O resultado de maio ficou quase em linha com a expectativa do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 58,10 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast. O dado de abril ficou dentro do intervalo das estimativas, todas indicando déficit, que variavam de R$ 70,0 bilhões a R$ 25,5 bilhões.
No acumulado do ano até maio, o Governo Central registrou um déficit de R$ 29,998 bilhões, o pior resultado desde 2020. No mesmo período do ano passado, esse resultado era positivo em R$ 1,834 bilhão, em termos nominais.
Em maio, as receitas tiveram um aumento real de 8,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, houve um avanço real de 8,5%. Já as despesas subiram 14% em maio, já descontada a inflação. No acumulado destes cinco meses, a variação foi positiva em 13%.
Nos 12 meses até maio, o Governo Central apresenta um déficit de R$ 268,4 bilhões, equivalente a 2,36% do PIB. Desde janeiro de 2024, o Tesouro passou a informar a relação entre o volume de despesas e o PIB, uma vez que o arcabouço fiscal busca a estabilização dos gastos públicos. No acumulado dos últimos 12 meses até maio, as despesas obrigatórias somaram 18,6% do PIB, enquanto as discricionárias do Executivo alcançaram 1,8% do PIB no mesmo período.
Para 2024, o governo tem duas metas. A primeira é de resultado primário, que deve ser neutro (0% do PIB), permitindo uma variação de 0,25 ponto percentual para mais ou menos, conforme estabelecido no arcabouço. O limite seria um déficit de até R$ 28,8 bilhões. A segunda meta é de limite de despesas, fixado em R$ 2,089 trilhões neste ano.
No último Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, publicado em maio, o Ministério do Planejamento e Orçamento estimou um resultado deficitário de R$ 14,5 bilhões nas contas deste ano, equivalentes a 0,1% do PIB.