Gardi Sugdub, uma das 50 ilhas que abrigam os indígenas Guna no Panamá, enfrenta desafios decorrentes das mudanças climáticas, incluindo enchentes periódicas. Os Gunas são a primeira comunidade insular a receber uma solicitação do governo para se mudar para o continente, sendo considerados refugiados climáticos.
Há cerca de 300 anos, esse mesmo povo precisou se deslocar, deixando suas raízes nas florestas e montanhas que abrangiam a área atualmente ocupada pela Colômbia e pelo Panamá. Agora, diante das ameaças climáticas, os Gunas enfrentam uma decisão crucial.
Embora a saída não seja obrigatória, muitos optaram por permanecer em suas terras. No entanto, mais de 1000 indivíduos escolheram deixar a ilha e iniciaram o processo de mudança para a recém-construída cidade de Isber Yala.
Blas Lopez, líder Guna em Gardi Sugdub e membro do comitê de realocação, destaca a necessidade de preparação diante do aumento do nível do mar na região. Ele ressalta a importância de planejar para as consequências que podem ocorrer em 30 ou 50 anos, quando ventos fortes e inundações podem afetar as comunidades.
A nova cidade projetada pelo governo do Panamá difere significativamente da Ilha de Gardi Sugdub. As casas pré-fabricadas de dois quartos, com estruturas de um andar, têm cores creme e telhados laranja-avermelhados, contrastando com as construções tradicionais do povo Guna.
No entanto, a cidade carece de acesso à água e de um centro de saúde, o que demonstra falta de planejamento para receber essa comunidade. A responsabilidade de fornecer serviços básicos, como saneamento e eletricidade, recai sobre a tribo, que enfrenta desafios financeiros para manter essas instalações.