O pastor Silas Malafaia “condenou” a senadora Tereza Cristina (PP) por ter votado a favor da legalização de jogos de azar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado na última quarta-feira (19). Revoltado com a posição da bolsonarista a favor da liberação de cassinos, corridas de cavalos e jogo do bicho, ele classificou o voto como uma “vergonha” e instou os evangélicos e cristãos de Mato Grosso do Sul a não “reelegerem” a progressista.
SENADORA TEREZA CRISTINA É PRECONCEITUOSA E ENGANA O POVO DE MATO GROSSO DO SUL.
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) June 24, 2024
A senadora que diz ser bolsonarista fazendo o jogo de Lula. pic.twitter.com/UABdFMTXma
A postagem gerou atrito entre os dois principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em resposta ao pastor evangélico notoriamente bolsonarista, a senadora rebateu: “Nunca compactuarei com a exploração da boa-fé dos brasileiros e sou contrária a misturar política com religião”.
A discussão em torno da legalização de cassinos e do jogo do bicho no Brasil sempre foi polêmica. Desde 1991, deputados e senadores têm tentado retomar a proposta. Desta vez, o projeto começou a tramitar em 2022, ainda durante a gestão de Bolsonaro, e tem angariado apoio da classe política com a alegação de que poderá movimentar R$ 100 bilhões em investimentos e gerar 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos.
Na última quarta-feira, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou o projeto por uma margem apertada de 14 votos a 12. A participação de Tereza Cristina foi crucial, já que, caso ela votasse contra, haveria empate, 13 a 13.
Malafaia expressou sua insatisfação e criticou a senadora nas redes sociais. Em uma mensagem dirigida aos evangélicos, o pastor bolsonarista declarou: “Fico até com vergonha, a senadora Tereza Cristina, também bolsonarista, votou a favor da legalização dos jogos de azar para atender ao seu chefe, o senador Ciro Nogueira, do PP, que é o grande defensor da aprovação dos jogos de azar no Brasil”.
Malafaia ainda ressaltou que o vício em jogos é um problema de saúde, citando a classificação da Organização Mundial da Saúde. Segundo ele, a liberação do jogo do bicho, cassinos e da jogatina em geral servirá para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas, do crime organizado e da corrupção. “Que vergonha, Tereza Cristina”, concluiu, pedindo aos evangélicos que não votem mais na senadora.
Alguns seguidores de Malafaia seguiram sua orientação. “Eu votei na Tereza e não voto mais! Nem em indicados por ela, como a atual prefeita de Campo Grande. Não vou votar só por isso”, postou Jeferson Brasil, referindo-se a Adriane Lopes, principal candidata da senadora nesta temporada.
Outros reagiram com ironia. “Rapaz, não sabia que cidadão de bem gostava de fazer uma fezinha kk”, comentou Antônio Rogério Melo. “🎯 Acertou bem no alvo, literalmente @TerezaCrisMS. Não tem caráter, está votando todas como manda o bobinho @ciro_nogueira”, disse Blener Bezerra.
Por outro lado, houve eleitores que saíram em defesa da ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro. “Sem credibilidade. Religião não deve ser usada para fins políticos. Uma pessoa que usa a fé para atingir seus objetivos não está preocupada com o bem de seus irmãos, mas sim com seus próprios interesses”, afirmou Deo Freitas.
“O pastor deve estar preocupado com a concorrência; gastar no jogo prejudica o dízimo”, debochou Renato Rocha.
Confira a íntegra da manifestação da senadora:
“Votei na CCJ a favor de um texto, que ainda será aperfeiçoado em outras comissões do Senado, que autoriza a instalação dos jogos legalizados em complexos turísticos instalados em locais específicos, como ocorre no mundo todo. Esses centros de lazer terão de investir no mínimo R$ 100 milhões, gerarão milhares de empregos e pagarão impostos. Caberá ao Ministério da Fazenda regulamentar e fiscalizar a organização dessas atividades. Como está hoje, com os jogos clandestinos, é que se incentiva todo o tipo de crime.
Nunca compactuarei com a exploração da boa-fé dos brasileiros e sou contrária a misturar política com religião, ainda mais quando esse mix vem com alta carga de desinformação”.