Uma reportagem da Veja revelou como as candidaturas a vice-prefeito, antes vistas como meramente protocolares, ganharam importância e se tornaram estratégias políticas essenciais nas principais capitais do país.
Durante as negociações para a composição das chapas, dois importantes aliados do presidente Lula, os prefeitos Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, e João Campos (PSB), do Recife, resistem a abrir espaço para um vice do PT. Segundo informações da revista Veja, após as tratativas partidárias falharem, Lula se envolveu diretamente nas articulações, conversando com os atuais mandatários na tentativa de convencê-los a aceitar um nome do partido nas vices. Porém, os esforços não tiveram sucesso.
Eduardo Paes, bem avaliado e com 51% das intenções de voto, conforme pesquisa Quaest divulgada na terça-feira, 18, tenta a reeleição com o apoio de eleitores conservadores. O estado e a capital, como mostrou o pleito de 2022, tendem a pender para Bolsonaro. A pesquisa indica que a previsão de votos em Paes cai para 47% se houver apoio de Lula. Diante disso, Paes tende a formar uma chapa puro-sangue, indicando um nome de seu próprio partido.
No Recife, o prefeito João Campos (PSB) é favorito na disputa e também busca uma solução caseira para fechar a chapa à reeleição. Aliados de Campos lembram que ele conquistou a prefeitura em 2020 contra uma candidata do PT, a ex-deputada Marília Arraes, e acenando ao eleitorado conservador. Um movimento contrário pode sacrificar esses votos em seu projeto de reeleição.
Além disso, tanto Paes quanto Campos têm planos de disputar os governos estaduais em 2026, contando com o apoio de Lula. Assim, seus vices assumiriam as prefeituras com a missão de pavimentar os futuros voos políticos dos atuais prefeitos. Portanto, ambos buscam um nome de confiança para a função estratégica de vice-prefeito.
A resistência nas negociações causou perplexidade no PT, que já havia preparado dois assessores especiais da Presidência, André Ceciliano (RJ) e Mozart Sales (PE), para entrar na disputa. Articuladores da legenda alertam que essa postura pode criar dificuldades nas alianças para 2026. O senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do grupo que organiza as estratégias eleitorais do partido, afirma que a resistência pode resultar em mais dificuldades para entendimentos futuros nos estados, uma vez que o PT tem uma contribuição política e administrativa significativa no Rio e em Recife.
“Acho difícil uma candidatura viável para o governo de estado, de quem quer que seja, que tenha uma má vontade da parte do PT ou um sentimento de que o PT foi escanteado”, acrescentou Costa. O recado foi dado.