Foto: Marcelo Carmago/Agência Brasil
O Banco do Brasil concordou em pagar uma multa multimilionária a um conglomerado de empresas que já teve como acionista o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão. Em nota oficial, a direção do Banco anunciou que solicitará à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o vazamento de documentos que embasaram uma reportagem exclusiva da Crusoé sobre um controverso acordo de 600 milhões de reais firmado em setembro do ano passado pela estatal e duas empresas do Maranhão.
Conforme revelado pela Crusoé nesta sexta-feira, 21, o Banco do Brasil concordou em pagar uma multa multimilionária a um conglomerado de empresas – Aimar Agroindustrial e Coopergraças – que, até recentemente, tinham participação acionária de Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia nos governos Lula e Dilma. Esta decisão ocorreu após o banco sofrer um calote do conglomerado nos anos 1990.
Apesar de envolver duas empresas distintas, o setor jurídico do Banco do Brasil autorizou o pagamento da indenização multimilionária apenas a uma das empresas envolvidas, para que a outra empresa pudesse evitar eventuais confiscos judiciais. Um parecer confidencial do próprio Banco do Brasil, obtido pela reportagem, alertou para o risco de que a transação pudesse ser vista como uma simulação jurídica para evitar o pagamento de débitos fiscais, trabalhistas e honorários advocatícios, permitindo que todo o dinheiro fosse embolsado por apenas uma das beneficiárias.
“Causa-nos estranheza a demanda jornalística fazer referência a supostas informações internas que estariam protegidas pelo sigilo empresarial, citando, inclusive, participação de ex-dirigentes e autoridades públicas. Este fato será objeto de pedido de abertura de inquérito policial próprio para apuração das responsabilidades”, disse o Banco em resposta à Crusoé.
“Todas as complexidades do caso estão amplamente discutidas nas milhares de páginas que integram os diversos processos judiciais encerrados conforme a petição conjunta, homologada pelo STJ. As tratativas foram realizadas apenas com as empresas diretamente envolvidas e seus respectivos advogados, sem intervenção de qualquer pessoa alheia ao caso”, informou o Banco do Brasil.
“A decisão de pôr fim às demandas foi tomada respeitando rigorosamente os critérios técnicos e a governança da empresa, eliminando riscos jurídicos e financeiros próprios de processos na situação jurídica em que se encontravam”, acrescentou o Banco do Brasil.