Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Cuba, imersa em uma grave crise econômica, enfrenta impactos devastadores em diversos setores, agora agravados pelo aumento significativo do número de pessoas em situação de rua. A mídia independente da ilha aponta que esse aumento é reflexo direto da crescente pobreza no país, intensificada pelas políticas do regime comunista liderado por Miguel Díaz-Canel.
Em setembro do ano passado, a organização Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) divulgou que 88% da população cubana vivia em extrema pobreza, um aumento de 13% em relação a 2022. As crianças, idosos e mulheres são os mais afetados por essa situação.
A ditadura cubana reconheceu, através da mídia estatal, que entre 2014 e 2023 foram registradas 3.690 pessoas vivendo nas ruas. O último dado, de 2015, registrava 1.200 moradores de rua, mostrando um aumento significativo. As autoridades afirmam que seguem protocolos estabelecidos para atender essas pessoas.
“Existe uma política desde 2014 para o aperfeiçoamento do atendimento às pessoas que perambulam. Esse acordo está sendo modificado devido às deficiências e ao aumento de cidadãos nessa situação”, disse Belkis Delgado Caceres, do Ministério do Trabalho e Segurança Social, ao site estatal Trabajadores.
No entanto, a realidade nas ruas contradiz a narrativa oficial. Jornalistas independentes relataram ao portal Martí um aumento de mulheres jovens, idosos e crianças desamparados, pedindo ajuda ou vasculhando lixeiras para sobreviver. Essa situação é especialmente visível na capital Havana e em províncias como Holguín.
Julio César Álvarez, jornalista independente cubano, contou ao portal Martí: “Mulheres com crianças, com bebês nos braços, nesta situação.”
Em Holguín, um centro para pessoas em situação de rua está sobrecarregado devido à alta demanda, agravada por uma infestação de percevejos (Cimex lectularius), que piorou as condições do local e forçou a saída de muitos necessitados.
Diante desse cenário, igrejas e ativistas tentam ajudar, mas enfrentam dificuldades devido à crise generalizada. “Quando você vê jovens pedindo comida na rua, a situação é mais séria. Em cada esquina, pode haver sete ou oito jovens moradores de rua”, disse a ativista María López, de Havana, ao Martí.
Cuba enfrenta uma intensa crise alimentar, energética e médica. A ineficiência econômica, agravada pelas decisões do regime de Díaz-Canel, resultou em escassez generalizada e inflação galopante. Salários e pensões são insuficientes para cobrir as necessidades básicas, contribuindo para o aumento das pessoas em situação de rua.
Em fevereiro, Cuba pediu ajuda ao Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU pela primeira vez, incapaz de distribuir leite e alimentos para as famílias mais necessitadas.