Fabricantes chineses estão desenvolvendo pelo menos 15 versões genéricas dos medicamentos para diabetes Ozempic e para perda de peso Wegovy, ambos concebidos pela farmacêutica Novo Nordisk, de acordo com registros de ensaios clínicos.
A China, que enfrenta altos índices de excesso de peso e obesidade, aprovou o Ozempic em 2021. No ano passado, as vendas desse medicamento na região dobraram para 4,8 bilhões de coroas dinamarquesas (R$ 3,71 bilhões). A expectativa é que o Wegovy também seja aprovado no país asiático ainda este ano.
A patente da semaglutida, o ingrediente ativo tanto do Wegovy quanto do Ozempic, expira na China em 2026.
A Novo Nordisk está envolvida em uma disputa legal no país relacionada à patente. Uma decisão judicial poderia retirar a exclusividade da semaglutida mais cedo, tornando a China o primeiro grande mercado a perder a proteção de patente para esses medicamentos.
Essa situação atraiu várias farmacêuticas chinesas para a competição. Pelo menos 11 candidatos a medicamentos contendo semaglutida, desenvolvidos por empresas chinesas, estão nos estágios finais de ensaios clínicos, conforme registros de um banco de dados revisado pela Reuters.
A empresa biofarmacêutica Hangzhou Jiuyuan Gene Engineering já criou um tratamento com “eficácia e segurança clínicas semelhantes” às do Ozempic e solicitou aprovação para venda em abril. No entanto, dados de eficácia não foram publicados, e a empresa não respondeu a um pedido de informações.
Em janeiro, a empresa chinesa afirmou que esperava a aprovação no segundo semestre de 2025, mas alertou que não poderia comercializar o medicamento antes da expiração da patente da semaglutida em 2026, a menos que um tribunal chinês declarasse a patente inválida.
A patente da semaglutida da empresa dinamarquesa está expirando na China antes de outros mercados importantes, como Japão, Europa e Estados Unidos. Analistas atribuem essas variações nos prazos de expiração a extensões de prazo obtidas pela Novo Nordisk em regiões específicas.
Em 2022, o escritório de patentes chinês considerou a patente inválida com base na disponibilidade de dados experimentais, algo contestado pela empresa.
O Tribunal Superior da China ainda não definiu quando os vereditos estarão prontos. Um porta-voz da Novo Nordisk saudou a concorrência saudável e aguarda a decisão judicial sobre o caso da patente.
Outras farmacêuticas chinesas, como United Laboratories, CSPC Pharmaceutical Group, Huadong Medicine e uma subsidiária do Sihuan Pharmaceutical Holdings Group, também estão nos estágios finais de testes clínicos para genéricos do Ozempic. A corretora Jefferies estima que os medicamentos semaglutida dos United Laboratories serão lançados para diabetes em 2025 e para obesidade em 2027.
Impacto nos Preços
Estima-se que até 2030, o número de adultos com excesso de peso ou obesidade na China alcance 540 milhões e 150 milhões, respectivamente. Isso representaria um aumento de 2,8 e 7,5 vezes em relação aos níveis de 2000, de acordo com um estudo realizado em 2020 por pesquisadores chineses de saúde pública.
Os analistas afirmam que, se os medicamentos forem comprovadamente seguros e eficazes, como os da Novo Nordisk, os produtos dos fabricantes de medicamentos chineses aumentarão a concorrência e reduzirão os preços.
Um relatório de agosto do Goldman Sachs estimou que os genéricos poderiam resultar em uma redução de cerca de 25% no preço da semaglutida na China.
Atualmente, a injeção semanal de Ozempic custa cerca de US$ 100 (aproximadamente R$ 530) por dose de 3 mL na rede hospitalar pública da China, de acordo com Karan Verma, analista do Clarivate.