foto: Reuters
A produção da indústria brasileira recuou 0,5% em abril na comparação com março, interrompendo dois meses de resultados positivos. Apesar da queda, o setor apresenta crescimento de 3,5% no ano e de 1,5% em 12 meses.
Em relação a abril do ano passado, houve alta de 8,4%, com a ressalva de que abril de 2024 teve quatro dias úteis a mais que o mesmo mês do ano passado, influenciando a comparação. Com esses resultados, a indústria brasileira se encontra 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 16,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação de abril com março de 2024, apesar da queda de 0,5%, a produção industrial apresentou uma predominância de resultados positivos. Três das quatro grandes categorias apuradas tiveram expansão, assim como 18 das 25 atividades pesquisadas.
Entre os segmentos que mostraram recuo na produção, destacam-se setores importantes como o extrativo, que caiu 3,4% devido à redução na produção de minério de ferro e petróleo, e o setor de alimentos, que teve uma queda de 0,6% em abril.
“Esses dois setores representam cerca de 30% da estrutura industrial”, explica André Macedo, gerente da pesquisa. “Houve quedas em produtos importantes, como carne bovina, mas isso é um movimento específico para abril. No campo positivo, houve crescimento em carnes de aves e suínos e no açúcar”, completa Macedo.
Segundo Macedo, o resultado negativo foi provocado por questões pontuais, e, de maneira geral, os dados sobre o panorama industrial são positivos. Um dos fatores que apontam para essa visão otimista é o desempenho da indústria de transformação (segmento que transforma matéria-prima em produtos finais ou intermediários, que serão modificados por outras indústrias).
“A indústria de transformação teve o quinto mês seguido com resultado positivo. Em abril, o crescimento foi de 0,3%. Em sete meses, a alta é de 2,6%”, detalha, acrescentando que esse ramo está no mesmo nível pré-pandemia.
Indústria automobilística
Um destaque da pesquisa em abril foi o comportamento da indústria automobilística. “Há uma melhora na produção recente de automóveis, caminhões, autopeças e ônibus. Esse movimento está relacionado ao mercado doméstico, influenciado pelo comportamento positivo do mercado de trabalho, com o aumento de pessoas ocupadas e da massa de rendimentos”, explica o analista do IBGE.
O setor específico de veículos automotores, reboques e carrocerias expandiu 13,2% ante março. Entre os fatores que deram dinamismo ao setor automobilístico, Macedo acrescenta a redução da taxa de juros e queda da inadimplência. “Vale ressaltar que o setor ainda está abaixo do patamar pré-pandemia”, conclui.